Amanda
Nunes
Ana Carina
Reis
Damaris
Passos
Gilvanete
Brito
Lea
Tatiana
Paulo
Monteiro
CREDENCIAIS
DO AUTOR
Jussara
Hoffmann é Graduada em Letras pela UFRGS em 1974; Mestre em
Avaliação Educacional pela UFRJ em 1981; Professora e Coordenadora
Pedagógica de Escolas Particulares e de Escolas Estaduais de 1968 a
1980; Assessora de Delegacia de Educação do RS de 1981 a 1986;
Curso de Extensão em Supervisão Educacional pela UFRGS em 1984.
Professora da PUC-RS - Curso de Metodologia do Ensino Superior - de
1982 a 1986.
HOFFMANN,
Jussara. Avaliação Mediadora: uma prática em construção da
pré-escola à universidade – Porto Alegre: Editora Mediação,
1993. 20ª Edição revista, 2003.
RESUMO: O
texto de Jussara Hoffmann, “Avaliação Mediadora: Uma prática em
construção da pré-escola à universidade”, toma por base a
avaliação como uma atividade que faz com que o aluno seja instigado
a desenvolver seu processo cognitivo, mas o que a maioria das
escolas, juntamente com seus professores perpassam é, o processo
avaliativo como um sistema “classificatório de ensino de
qualidade”, ( HOFFMANN, p. 12.)
O texto
de Jussara Hoffmann, “Avaliação Mediadora: Uma prática em
construção da pré-escola à universidade”, toma por base a
avaliação como uma atividade que faz com que o aluno seja instigado
a desenvolver seu processo cognitivo, mas o que a maioria das
escolas, juntamente com seus professores perpassam é o processo
avaliativo como um sistema “classificatório de ensino de
qualidade”, ( HOFFMANN, p. 12.), ou seja, a avaliação neste caso
vai dizer se determinada escola é uma instituição que tem melhor
índice de desenvolvimento por parte dos alunos. A autora argumenta
que este tipo de prática acaba dificultando o alunado, por quê tal
metodologia torna-se um fator excludente que qualifica e desqualifica
o aluno.
A
sociedade argumenta, muita das vezes, que a avaliação como processo
não classificatória desqualifica o ensino, por isso ainda é
visível a busca de muitas famílias a escolas conservadoras, como se
este fator revelasse a competência dos alunos, ao contrário a esta
idéia, segundo a autora, “observamos, com freqüência, historias
contrárias de maus alunos que se tornam excelentes profissionais. Ou
o inverso, alunos nota 10 em cursos superiores que realizam estágios
profissionais medíocres.” (HOFFMANN, p. 23). Ai se percebe que não
é a avaliação como um processo classificatório que vai dizer se o
aluno tem ou não tem capacidade de se desenvolver no meio
profissional.
A autora
também aborda em seu livro a questão do professor, sujeito
mediador do processo avaliativo, e mostra que muita das vezes o
professor não está preparado, como fora dito antes. Ainda, é
claro, entende a avaliação na sua forma de qualificar e não de
avaliar a aprendizagem do alunado. Ter notas altas não quer dizer
que o aluno aprendeu o assunto. A autora diz que o aluno entende a
escola fora do seu meio social e não veiculado a ele. “Escola é
escola, para ele a vida é diferente.” (HOFFMANN, p. 26). Isso
mostra que a pesquisa feita pela autora mostra a escola não como a
mediadora do conhecimento, mas sim cumpridora da fusão de passar o
conhecimento, desconsiderando a aprendizagem do estudante. A escola
toma por base a ensinar, mas sem se preocupar com a realidade social
do aluno. “ O que revela a concepção de escola para a memorização
de fatos que não adquirem significado algum ao longo de sua vida,
fatos transmitidos, memorizados, esquecidos.” Hoffmann diz ainda
que a avaliação deve ser passada visando a realidade do aluno.
Deve-se haver uma preocupação entre a escola no ser psíquico do
estudante.
Hoffmann
no livro destaca uma fala dita por uma aluna: “ Quanto mais eu vou
a escola, mais eu estudo, quanto mais eu estudo, mais eu aprendo,
quanto mais eu aprendo, mais eu esqueço.” (HOFFMANN, p. 26).
Portanto, fica claro que a metodologia usada na educação
desfavorece os alunos no sentido de produzir o conhecimento, visando
a idéia de arrancar o conhecimento do aluno custe o que custar . O
que mais poderia, como exemplifica bem a autora, era haver um dialogo
entre escola e família sobre o adquire conhecimento e não
introduzi-lo no aluno.
Em uma
parte do livro a autora destaca o seguinte título: “ As charadas
da avaliação”, e discerne que as atividades avaliativas são
passadas em sala de aula de uma forma que não condiz com a realidade
social dos estudantes, formando-se assim, na cabeça dos alunos,
verdadeiras charadas. Destaca-se aqui um exemplo relevante da autora:
“Uma
pessoa mora no 18º andar de um prédio de apartamento. Todos os dias
desce pelo elevador para ir ao seu local de trabalho. Ao final do
expediente, retornando para casa, vai pelo elevador até o 13º andar
e sobe os demais andares pela escada. Isso se repete todos os dias.
Você saberia dizer por quê?” ( HOFFMANN, p. 29)
A
resposta da autora a questão apresentada é que “a pessoa é tão
baixinha que só alcança o 13º andar” (HOFFMANN, p. 29). Os
professores pesquisados deram varias respostas, isso se evidencia
pelo o fato de em um processo avaliativo as questões introduzidas ao
sujeito que vai ser avaliado está submetida a varias interpretações
e inferências. No aluno isso ainda é mais visível porque ele
relaciona as questões escolares com seu meio de convivência. Como
tais questões, e isso se argumentou aqui antes, não condizem com a
realidade, há um certo confronto na pessoa do estudante em relação
a escola e a aprendizagem.
Aqui se
faz a mesma pergunta prefaciada pela autora, “por que o aluno não
aprende?” (HOFFMANN, p. 31). Não seria pelo o motivo de que não
há uma preocupação da escola em relação ao sujeito do aluno, ou
seja, a escola quer formar o estudante para a sociedade, mas esquece
que este ser já dispõe de uma formação. Como esclarece bem a
autora: “ O aluno constrói o seu conhecimento na interação com o
meio em que vive. Portanto, depende das condições desse meio, da
vivência de objetos e situações.”(HOFFMANN, p. 41). Hoffmann
disserta que os professores, mais ainda a escola, deveria
preocupar-se mais com o ser do aluno. Como este aluno está
desenvolvendo sua aprendizagem entre escola e família? As avaliações
deveriam frisar mais a realidade social do aluno, e o professor
deveria voltar sua atenção para uma avaliação que valorizasse o
ser social do aluno, fato que na escolas tradicionalista se introduz
como avaliação classificatória, esquecendo totalmente das
percepções empíricas e cognitivas do estudante.
Jussara
Hoffmann apresenta um livro elaborado sobre a ótica da teoria e da
prática. Mesmo que pareça uma utopia perguntar-se como fazer com
que os alunos aprendam em um pais igual ao Brasil onde há tantos
contrastes sociais, se deve acima de tudo, preocupar-se em mudar tal
realidade. Como? A resposta é dada pela autora que descrevendo o
significado da avaliação mediadora diz: “ Presta muita atenção
na criança, no jovem, no eu. Eu diria “pegar no pé” desse aluno
mesmo, instituindo em conhecê-lo melhor, em entender suas falas,
seus argumentos, teimando em conversar com ele em todos os momentos,
ouvindo todas as suas perguntas, fazendo novas e desafiadoras
questões, (...). Neste sentido, então, teremos perseguido uma
escola de qualidade para todas as crianças e jovens deste país.”
(HOFFMANN, p. 28).
A autora
aborda a questão da escola como um agente social e a avaliação com
uma parte integrante na formação do ser social. Para isso é
necessário que a sociedade compreenda que os processos avaliativos
tende a serem mediadores e não classificatórios, por que é de
responsabilidade social o desenvolvimento da educação. O filosofo
Anísio Teixeira afirma em seu livro “Introdução a Filosofia da
Educação” que: “Se há crise do "espírito", como
hoje se diz, se os valores humanos, na sua perpétua transformação,
conquistam novas formas e velhas ilusões se vão desfazendo em troca
de valores realistas e ásperos, - é que as escolas estão a falhar
na sua finalidade espiritual…e urge reformá-las.” (TEIXEIRA, p.
01).
Muitas
vezes, o professor investe suficientemente na dimensão cognitiva do
desenvolvimento e não dedica atenção à dimensão afetiva. Outras
vezes, faz o inverso: cuida da criança com carinho e atenção, mas
sem planejar adequadamente como vai ajudá-la a progredir na
aprendizagem para alcançar as metas que devem ser atingidas do ponto
de vista cognitivo. Assim, é proposto que cada professor, ao
planejar as situações didáticas, reflita sobre os estudantes,
considerando o desenvolvimento integral, contemplando as
características culturais dos grupos a que pertencem e as
características individuais, tanto no que se refere aos modos como
interagem na escola, quanto às bagagens de saberes de que dispõem.
É nessa linha de pensamento que Silva (2003, p.10) aponta “que o
espaço educativo se transforma em ambiente de superação de
desafios pedagógicos que dinamiza e dá significado a aprendizagem,
que passa a ser compreendida como construção de conhecimentos e
desenvolvimento de competências da formação cidadã.” É preciso
que os professores reconheçam a necessidade de avaliar com
diferentes finalidades: conhecer e acompanhar o seu desenvolvimento;
conhecer as dificuldades e planejar atividades que os ajudem a
superá-las; saber se as estratégias de ensino estão sendo
eficientes e modificá-las quando necessário. Diferentemente do que
muitos professores vivenciaram como estudantes ou em seu processo de
formação docente, é preciso que, em suas práticas de ensino,
elaborem diferentes estratégias e oportunidades de aprendizagem e
avaliem se estão sendo adequadas. Assim, não apenas o estudante é
avaliado, mas o trabalho do professor e a escola.
A
concepção de avaliação perpassa a lógica de um processo de
organização de ensino, relacionado com a aprendizagem do aluno e
com a sociedade. A partir disso, é possível realizar os
questionamentos: para que avaliar? O que avaliar? Considera-se que,
ao avaliar o aluno, o professor avalia sua própria prática. Para o
grupo de estudos, a avaliação serve para reorientar a prática
pedagógica, ou seja, como Luckesi (1995) propõe, “verificar as
falhas, compreender as causas e propor soluções, para mudar a
situação que dificulta o êxito da ação educativa.” Quanto à
forma de avaliar, avalia-se o todo e as mudanças de comportamentos
gerados no aluno, pois se avalia para concretizar o processo de
educação, como ato humano, intelectual, cientifico e sistemático.
Não se pode pretender que o aluno esteja pronto ao final de cada
bimestre ou ano letivo, pois como ser em construção há muito que
desenvolver no processo ensino-aprendizagem. Por isso, é preciso
estabelecer um diálogo constante com os estudantes. Assim, a
avaliação deve constituir prática contínua e não apenas do final
de um período. Como tal, exige muitas tarefas, pelas quais o aluno
possa se expressar de várias formas, facilitando o ato de avaliação.
Nesta direção, avaliar significa identificar as necessidades dos
alunos e ir à busca de soluções para sanar essas necessidades.
Neste contexto, a avaliação passa a ser diagnóstica e inclusiva,
porque concebe o aluno como ser em desenvolvimento contínuo. Deve-se
ressaltar a relevância da viabilização do projeto
politico-pedagógico, pois é ele que vai subsidiar um processo de
avaliação comprometido com o desenvolvimento. Destaca-se também
como fator indispensável, a metodologia aplicada pelo docente, que
deve instigar o aluno a fazer uso do conhecimento adquirido.
Portanto, faz-se necessário definir um perfil de saída de cada
etapa de ensino e assegurar esforços para compreender os processos
de construção de conhecimentos das crianças e adolescentes. Essa
complexa tarefa pressupõe uma atitude permanente de observação e
registro. Se o estudante e sua família sabem aonde a escola quer
chegar, se estão envolvidos no dia a dia de que são os principais
beneficiários, poderão participar com mais investimento e autonomia
na busca do sucesso nessa empreitada que é o aprender.
As
escolas devem, e já se vê no horizonte, repensar seus valores como
transformadoras de conhecimentos, por já o aluno dispor de uma
relevada experiência, assim martela Hoffmann. A escola não deve só
querer formar cidadãos porque o cidadão ali já está, mesmo fora
da escola, em processo de formação. Buscar adaptar-se a realidade
do aluno e remetê-lo a sociedade, no momento não é a tarefa
desafiadora da escola, mas sim compreender que se deve mudar seu
processo avaliativo para melhor instigar e desenvolver os seus alunos
para uma sociedade culturalmente rica e produtiva.
INDICAÇÃO
DA OBRA
O texto é
simples e bastante informativo, sendo indicado para estudantes a
cursos correspondente as áreas de licenciaturas, pedagogia.
REFERÊNCIAS
TEIXEIRA,
Anísio Spinola, 1900-1971. Pequena introdução à filosofia da
educação : a escola progressiva ou a transformação da escola.
-8.ed.- São Paulo : Ed. Nacional, 1978.
SILVA, J.
Introdução: avaliação do ensino e da aprendizagem numa
perspectiva formativa reguladora. In: SILVA, J., HOFFMANN, J.;
ESTEBAN, M.T. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em
diferentes áreas do currículo. Porto Alegre: Mediação, 2003.
LUCKESI,
C.C. Avaliação da Aprendizagem. São Paulo: Cortez, 1995.