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domingo, 15 de abril de 2018

UM RESUMO SOBRE A FILOSOFIA DE HABERMAS



Paulo Monteiro dos Santos[1]


INTRODUÇÃO

Jürgen Habermas (1929 Alemanha) é um filósofo da Linguagem, mas sua leitura é política. Para este pensador a filosofia deve contribuir para o entendimento, político- intersubjetivo, entre as pessoas. Devemos chegar a um consenso pelo debate só assim é que se pode surgir a democracia. Habermas é um filosofo continental. Para entendermos isso devemos explicar resumidamente a problemática entre filósofos continentais e analíticos.
Há duas divisões no século XX sobre o estudo da Filosofia da Linguagem: 1) Continental: preocupava-se com a linguagem, mas com o seu uso sobre: poder, ideologia, e tudo que pode ser influenciado pelo discurso. Esses filósofos são de maioria franceses e alemães. Geralmente se concentravam no estudo da fenomenologia e da hermenêutica. São da parte do continente europeu, daí serem chamados de continentais. 2) Os Analíticos: Esses filósofos estão preocupados com uma análise lógica da linguagem – Semântica; sintaxes. Estão tentando descobrir uma essência da linguagem. Esta filosofia se desenvolver na Inglaterra, por isso a diferença de ela não ser continental. Essa é uma diferença puramente didática, não se quer dizer que todos os filósofos do continente eram puramente continentais e os filósofos fora do continente eram todos analíticos.
Habermas é um dos participantes da Escola de Frankfurt da segunda geração. Na verdade Habermas é o herdeiro dessa escola. Essa escola foi fundada por Adorno, Horkheimer e Marcuse. Essa escola formalizou uma teoria que criticava a sociedade positivista, cientificismo, o racionalismo kantiano, o capitalismo, o iluminismo moderno, e o tecnicismo. A escola era adepta do romantismo. (Durante o século XX tivemos varias escolas: Círculo de Viena; Positivismo e a Escola Romântica).
Os teóricos da Escola de Frankfurt estavam preocupados em saber o porquê o Iluminismo Moderno não vingou, e, ao invés de um homem livre, o que nasceu foi o Totalitarismo. A Razão da modernidade transformou o sujeito em um homem pior e não melhor.O projeto iluminista falhou. Kant no texto O que é o esclarecimento, prometera que pela autonomia da razão nós nos livraríamos do mal, mas chegando o século XX, conseguimos apenas transformar os problemas para pior que antes; num vazio de poder, segundo Arendt. Os regimes totalitaristas são um vazio de poder, e nesse vazio de ideias, nasce o messias que prega a salvação. A Filosofia, a Religião, e a Política estam todas em Crise. Por isso nasce um novo Deus: O dinheiro, Hitler, as ontologias do futuro, as quais prometem nossa salvação. Mas esse projeto da modernidade falhou. A razão que nasceu na modernidade é uma razão egoísta. Só quer o bem egocêntrico, solipcista: “ Tudo é meu, eu existo os outros não sou eu.”
Os teóricos da Escola de Frankfurt pensavam que o marxismo poderia ser a salvação, mas depois eles começaram a ver que o marxismo transformou-se em Ideologia, funcionava na teoria, mas na prática não dava certo.
Nesse sentido a Escola adota um pensamento pessimista: Não havia solução. Para eles o século XX era uma fatalidade inevitável. A razão está podre. Há uma maquinaria, um círculo vicioso. A arte perdeu sua beleza. Tudo agora faz parte de uma indústria cultura, onde a mídia manipula o homem a seu prazer. Pode-se até fazer uma resistência, mas não se pode resistir por muito tempo.

1 UMA SOLUÇÃO PROPOSTA POR HABERMAS

Habermas é um filósofo que acredita que se pode haver uma solução, e essa solução passa pelo uso da linguagem. Devemos dialogar para chegarmos a um entendimento. Para Habermas o projeto da modernidade está inacabado. Kant não terminou seu projeto, diz Habermas. Habermas se propõe a fechar esse projeto. Para esse pensador deve-se haver uma Virada Lingüística.
Antes, na Modernidade, havia uma consciência do Eu/Sujeito/cogito, Habermas diz que não se pode haver mais essa consciência. Kant se equivocou. Kant dizia que o esclarecimento está no sujeito, mas segundo Habermas, nós devemos é tornar a sociedade esclarecido. E como fazer? Por meio de uma Agir Comunicativo. Quando isso acontecer não haverá mais a necessidade de regimes totalitaristas.
Todos nós temos que nos tornar esclarecidos; “Dizer é fazer.” Temos que sairmos do mundo do “Eu”, para entrar no mundo do “outro”. A teoria ética de Habermas é uma teoria da ética do discurso.
Para Habermas a razão que vigora é Instrumental, tem fins especificamente, econômicos. As pessoas buscam a razão apenas para ter dinheiro. “Eu faço medicina não para ajudar o outro, mas para ganhar dinheiro.” O mundo perdeu a razão filosófica. O conhecimento perdeu sua razão que buscava conhecer apenas por conhecer. Assim Habermas divide a razão de duas formas: 1) Razão Filosófica: forma humanos; 1) Razão Instrumental: forma técnicos. 
Para Habermas há duas esferas: 1) Trabalho; 2) Interação. A Esfera do trabalho é da relação afim, a da Interação é da esfera da linguagem. Habermas diz que a esfera do trabalho levou-nos a uma tecnocracia. As regras da esfera do trabalho influenciam na interação da cultura. A tecnocracia não se preocupa com o homem, mas apenas com a economia. A lógica do mundo é a do mercado. Os direitos do outro agora é apenas um produto.
Habermas diz que o trabalho é importante, mas a vida não é apenas isso. O homem tem também que redescobrir a esfera da interação. O povo tem que entender a democracia porque a democracia é essencialmente deliberativa. Um dialogo entre poder e sociedade para o bem de todos

2 TEORIA DO AGIR COMUNICATIVO

A teoria de Habermas chama-se: Teoria do Agir Comunicativo/ Ação Comunicativa. Sua filosofia da linguagem, neste sentido, é a da pragmática: “Dizer é fazer”. Habermas faz uma crítica à escola de Frankfurt, ele quer apresentar uma resposta ao problema apresentado por essa escola. A escola diz que os modernos desenvolveram uma racionalidade instrumental. Cujo fim na verdade era o lucratismo. A tecnologia da modernidade se voltou para a economia e não para a melhoria da vida do homem e isso ocasionou o surgimento dos regimes totalitários.
A racionalidade está comprometida com o Agir Estratégico.  Que visa o sucesso individual em um contexto instrumental. Kant de certa forma contribuiu para o aflorecimento dessa ideia, quando escreveu o texto sobre o Esclarecimento. O sujeito tem que ser autônomo, ele deve se auto legislar. Usar de sua razão e ser autônomo. Temos que romper com a menoridade e atingir uma maioridade. Devemos romper com as tutelas internas subjetivas: Medo, preguiça, covardia, comodismo. Devemos romper também com as tutelas externas: Religião a Política.
A escola de Frankfurt criticava o solipcismo, pois se assim for caímos em uma ideia de heteronímia, ou seja, aquele que pensa com uma razão reprodutiva. Nós não pensamos, mas apenas reproduzimos pensamentos.
 Veja, então como que fica a minha razão autônoma diante daquilo que a instituição me impõe? O projeto era torna o sujeito autônomo, esclarecido, mas o projeto fracassou, justamente porque o sujeito esclarecido fez de seu pensamento uma razão instrumental.
O que fez surgir o capitalismo, o cientificismo e a revolução científica. Assim surge a teoria crítica da escola: o sujeito foi seqüestrado de sua razão, e a razão está doente e acabou gerando o totalitarismo. Adorno achava que a melhor forma era resgatar a filosofia de Nietzsche, o espírito dionisíaco.
 O homem é vontade, desejo, ele não é apenas razão. Resgatar Dionísio é resgatar o homem da doutrinação da razão. E o espírito do homem está enjaulado nessa doutrina. Há uma engenharia e uma arquitetura para manter a engrenagem girando.
Habermas concorda com Adorno, a razão é instrumentalizada e estruturada, mas existe solução. O problema de Kant foi ter centralizado a razão apenas no sujeito. Habermas propõe uma nova visão, uma reviravolta. O esclarecimento dito por Kant apenas no sujeito deve ser social. O Agir deve ser comunicativo. Devemos ter um consenso, um dialogo Intersubjetivo.
Mas para Habermas, esse acordo deve ser visto e revisto na linguagem. Assim Habermas inaugura um novo paradigma. Antes havia o seguinte paradigma: 1) A razão instrumental: uma filosofia da consciência: (autonomia do sujeito). Habermas inaugura uma nova concepção, um novo paradigma da razão: 2) Razão comunicativa: o agir deve ser comunicativo. Autonomia social, não mais autonomia do sujeito. O agir deve ser uma agir comunicativo multou.

CONCLUSÃO

Habermas quer construir uma democracia legitima. Para ele vivemos em uma democracia disfarçada de tecnocracia onde a regra é o dinheiro; a economia. Onde o poder é biológico, pois se preocupa em controlar a vida das pessoas. Como diria Foucault: o biopoder. Neste sentido podemos dizer que Deus não está mais morto, ele apenas se transformou em dinheiro. “Nietzsche errou”, afirma Habermas. A tecnocracia faz do direito humano um produto, um exemplo é a aposentadoria: é um direito, mas aos poucos vai se transformando em produto, onde, como principio a aposentadoria deveria assegurar a vida daqueles que não podem mais se auto-sustentar, mas agora tornou-se negócio.
O grande problema é que a esfera do trabalho oprime a da linguagem. O sistema tecnocrata não quer dialogo, pois se o homem começar a discutir política ele vai prejudicar o sistema. A razão instrumental é importante, mas o homem precisa de dialogo. Habermas propõe uma democracia deliberativa pensando o bem comum: Devemos criar um conselho onde o povo deve fazer parte e onde todos devem ter direito a palavra. Dessa forma os direitos humanos não serão violados. Devemos discutir de forma honesta e intelectualmente nesse conselho, só assim chegamos a um Entendimento, como sonhou Kant.

Referências

WIGGERSHAUS, Rolf. A escola de Frankfurt: História, desenvolvimento teórico, significado político. Rio de Janeiro: DIFEL, 2002.   a



Paulo Monteiro dos Santos

                                      [1] Graduado em Letras Vernáculas pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia;
Graduando de Filosofia pela FAVI (Faculdade Vicentina). E-mail: paulus.monterum@gmail.com

sábado, 7 de abril de 2018

SÍNTESE DO PENSAMENTO DE WITTGENSTEIN



Paulo Monteiro dos Santos[1]

INTRODUÇÃO

Wittgenstein (1889-1951) Nasceu em Áustria – Viena. Era de família abastarda e viveu em pleno auge da Segunda Guerra Mundial. Estudou com Hitler e o filósofo Frege. Foi à Inglaterra e se tornou aluno de Russel.
Nessa época aconteceu a Primeira Guerra Mundial e Wittgenstein se alista como soldado. Durante o termino do curso de filosofia ele, como o apoio de Russel, escreve sua
obra-prima o Tractatus: Logico-Philosophicus  em forma de aforismo (pensamentos soltos).
Wittgenstein é entendido por dois momentos: O Wittgenstein do Tractatus é considerado o primeiro Wittgenstein, em seguida, depois que Wittgenstein entra para o circulo de Viena e escreve Investigações Filosófica, temos o segundo Wittgenstein.

1 O PRIMEIRO WITTGENSTEIN

O primeiro Wittgenstein desenvolve uma filosofia lógica, em uma Linguagem formal onde a Sintaxe e a Semântica são importantes para resolver os problemas filosóficos e evitar erros na linguagem. Wittgenstein trata que deve-se haver uma relação da linguagem com o mundo, uma Isomorfia. Temos aqui uma preocupação com a Essência da Linguagem. O segundo Wittgenstein está preocupado com a Linguagem mas em relação ao seu uso Pragmático. Wittgenstein não está mais preocupado com a essência da Linguagem. A linguagem e o mundo tem uma relação mais ou menos adequada com o Mundo. Tratemos agora mais a finco o primeiro Wittgenstein com mais detalhes.
No Tractatus, Wittgenstein se preocupa com os problemas da Linguagem de forma Lógica. Qual é o grande problema da Linguagem no Tractatus? A Linguagem tem um caráter amplo. Nós a usamos para falar tudo: 1) Ciência, 2) Religião, 3) Arte, 4) Filosofia. Wittgenstein vai tentar dar um limite.
Veja, tem coisa que não tem sentido! Observando as regras da gramática nós podemos falar de tudo, e nessa ânsia de falar, nós falamos bobagens. Os filósofos abusaram da Linguagem e acumularam, em suas falas, bobagens. Esses abusos geraram os problemas da Filosofia. Os filósofos fizeram mau uso da Linguagem. Então para Wittgenstein, quando analisarmos os problemas da Linguagem, vamos resolver todos os problemas do mundo, pois para ele o problema da humanidade é o mau uso da linguagem.
A Linguagem é formada por Proposições, um enunciado quer propor algo. Mas as proposições do cotidiano é carregada de sentimentos, imaginação, paixão, superstições, falta-lhe um caráter de verdade. Outra coisa são as proposições da Ética, que na verdade são apenas juízos de que é bom ou do que é mau. Também há as preposições da Estética, que assim como na ética tem um critério Subjetivo: Feio, Belo.Existem também as preposições da Religião, nela cada um diz como é seu Deus. Qual preposição está correta? Para Wittgenstein nenhuma dessas preposições leva a nada, só causam abusos na Linguagem. Por fim temos as preposições da Ciência que para Wittgenstein são as mais adequadas, pois essas visam de fato os objetos.
Para os positivistas tudo o que vejo eu posso enunciar, verificar no mundo, e tudo tem um valor de verdade. Wittgenstein acredita que a Ciência tem as melhores proposições, porque eu só posso falar sobre as coisas que eu analiso no mundo. Não devemos falar em Ética, Estética, ou Religião. Eu devo mostrar em minha vida esses valores. Eu só posso falar sobre as proposições e as ideias metafísicas eu apenas tenho que vivê-las. Não posso dizer por que elas não estão no mundo, apenas em minha cabeça. É preciso então delimitar a Linguagem. 1º) Com sentido: Ciência; e 2º) sem sentido: Metafísica. Porém para delimitar eu preciso saber qual é o limite da Linguagem. Como delimitar aquilo que pode e o que não pode ser dito? O Limite da Linguagem é o limite do mundo. Eu só posso dizer aquilo que está no mundo, mas aquilo que não está eu não posso falar “devo me calar”. Os fatos estão no mundo, mas os valores éticos são colocados no mundo pelos homens. Estamos em um mundo doente que faz mal uso da Linguagem, e a Filosofia por conseqüência, não deve ser uma teoria do mundo, deve ser uma terapia do mundo.
O mundo e a Linguagem têm uma relação, como dissemos antes, uma Isomorfia. “Veja, quando digo: “João é justo”, isso não é um fato no mundo, mas se eu disser: “ A vaca come capim”, isso é um fato no mundo, uma isomorfia. “ A Joana é bonita”, como se pode representar isso no mundo? Impossível! Quando falamos em fato, dizemos que fato é um estado de coisas que estão no mundo.
Temos as proposições que podem ser atômicas que se correspondem com no mundo. Nos fatos há os objetos/corpos. Nas proposições há o sujeito e os predicados. O que é um estado de coisas? Aquilo que acontece no mundo. Estas coisas são as possibilidades lógicas de acontecer. No Tractatus Wittgenstein defende que há uma Essência da Linguagem. Para Wittgenstein só devemos falar o que está no mundo. Wittgenstein então define a Linguagem da seguinte forma no Tractatus: 1) Sentença; 2) Proposição 3) Argumento.
Uma sentença nasce de uma gramática. É todo enunciado que não tem valor de verdade. Uma sentença não precisa ter significado ou sentido.
A proposição é mais complexa: É toda sentença declarativa. Ela propõem algo sobre o mundo, por isso ela tem valor de verdade. Há dois tipos de proposições: a) Atômicas e b) Compostas. Atômicas são elementares, e compostas são moleculares.  A composta se compõe por mais de uma oração; a atômica é composta por apenas uma oração, por isso chama-se atômica. Aqui devemos salientar que existe 5 orações que não são proposições:
1)    Ordem: Não propõem nada sobre o mundo;
2)    Pergunta: Não propõem, apenas pergunta;
3)    Tautologia: Tautologia são frases em que tudo é verdadeiro, por isso não é uma preposição. Exemplo: “Todo círculo é redondo.”
4)    Contradição: Uma contradição é sempre algo falso e verdadeiro, elas não propõem, ela só desmente a si mesmo.
5)    Paradoxo: Paradoxos não propõem nada porque a própria frase entra em uma petição de principio e cai em contradição.
O Argumento é um conjunto de proposições. Ele não tem valor de verdade, só tem valor de verdade às proposições. Os argumentos são válidos ou inválidos. Sua estrutura é quem valida o argumento e também lhe dar forma. O argumento metafísico para Wittgenstein é sempre inválido.
Wittgenstein dividiu o Tractatus em aforismo da seguinte forma:
1º O mundo é tudo o que é o caso;
2º O que é o caso, o fato, é a existência de estado de coisas;
3º Figuras lógicas dos fatos é o pensamento;
4º O pensamento é a proposição com sentido;
5º A proposição é uma função de verdade das proposições elementares;
6º A formula geral da função de verdade é [P£N(£)]
7º Sobre aquilo que não se pode falar deve-se me calar.
A metafísica deve ser demonstrada e não falada, pois aquilo que não esta no mundo é místico. O mundo são fatos, o místico é de aspecto do metafísico.
Resumindo: Sendo uma filosofia lógica será um pouco mais difícil compreender o Tractatus. Wittgenstein está convencido que os problemas da filosofia são pseudos-problemas. São erros do mau uso da linguagem. Devemos fazer uma terapia da linguagem. O mundo está doente de metafísica. Não devemos trazer para o mundo ideias de Deus, amor, bem, mal. Nós discutimos, mas deveríamos viver e não discutir. Não existem valores no mundo, é o homem que acrescenta estas coisas.
Veja, viver valores é bom, mas discutir tais valores como verdades metafísicas, é cair no erro. Teorizar sobre tais fatos, fazer juízos sobre Estética, Ética, Religião é um erro, diz Wittgenstein: é um absurdo! Temos então que criar os limites para a linguagem. Tem coisas que só podemos mostrar, e outras apenas dizer. Sobre a metafísica, só podemos mostrar, não podemos dizer, pois não existem critérios para avaliar esses discursos.
Eu só posso falar de Fenômenos. Os limites de minha linguagem são os limites do mundo. Só posso falar de proposições, propor algo sobre o mundo. Há então apenas os fatos das ciências naturais.

2 O SEGUNDO WITTGENSTEIN

No segundo Wittgenstein de Investigações Filosóficas, (década de 30 do século XX), dá-se um abandono de algumas de suas teorias do Tractatus. Ao se encontrar com um amigo estudioso, Piero Sraffa (Turim, 1898 - Cambridge, 1983), Wittgenstein faz uma revisão em sua teoria.
Sraffa propõe a Wittgenstein para analisar os gestos do napolitano, e pergunta a Wittgenstein qual é a forma lógica dos gestos dos napolitanos. Wittgenstein percebe que gestos não têm significados lógicos, e assim abandona sua teoria na questão da a) sentença da b) lógica e da c) semântica. Abandona por assim, a ideia de uma Essência da Linguagem. Para Wittgenstein o que existe na verdade é uma Conversão, e uma Pragmática da Linguagem.
O uso da linguagem está dentro de uma comunidade. Não existe uma essência da linguagem, o que existe é A Linguagem. Agora há uma reabilitação da Linguagem. Agora sim pode-se falar em Ética, Estética, e Religião, só que este discurso se limita em determinado lugar. Pode ser dito, mas dentro de um determinado grupo humano, e que tenha uma mesma cultura; dentro de uma comunidade hermenêutica que fala a mesma língua, ou seja, cada um com sua forma de vida.
Filósofos falam com filósofos, matemáticos com matemáticos, mas estas formas de vidas têm regras, limites. No Tractatus a linguagem tinha um limite: o mundo, mas agora o limite é a forma de vida. A regra está em cada comunidade de vida e cada uma com sua linguagem.
Os limites são as concordâncias, e cada comunidade tem uma concordância entre as comunidades. Então aqui cabe a questão: Quando nascem os problemas filosóficos? Wittgenstein diz que: nascem quando quebramos as regras.
Quando saímos e vamos de encontro aos valores ditos pelos costumes da comunidade a que pertencemos. Podemos assim dizer que para Wittgenstein a Linguagem não é mais Isomórfica, ela agora é uma Caixa de Ferramentas, onde você deve conhecer a língua e a cultura da comunidade para assim poder resolver os problemas que ai se apresentam.
Assim, no segundo Wittgenstein, temos um certo relativismo que se apresenta em sua teoria. As regras na comunidade devem-se impor ao sujeito e todos devem ter uma semelhança em família. Nas Investigações Filosóficas, a Preposição não é mais lógica, mas ela deve se adequar a realidade. Há, de certa forma, nessa análise, uma visão antropológica.

CONCLUSÃO

Assim podemos concluir o pensamento de Wittgenstein dizendo que: no Tractatus temos um homem fora do mundo analisando a linguagem, mas nas Investigações é o homem que está dentro do mundo, e por meio dele e de sua cultura, se comunica com os demais homens.    

REFERÊNCIAS

VALLE, Bortolo; BRÍGIDO, Edimar. Wittgenstein a ética e a constituição do gênio. Curitiba. Editora CRV, 2018.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: De Nietzsche à Escola de Frankfurt. São Paulo. Paulus, 2006.(Coleção história da filosofia; 6)  

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. São Paulo. Nova Cultura, 1999.
 _____________________. Tractatus Logico-Philosophicus. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1968.


          
Paulo Monteiro

[1] Graduado em Letras pela UNEB (Universidade do Estado da Bahia); Graduando do curso de Filosofia pela FAVI (Faculdade Vicentina). E-mail: paulus.monterum@gmail.com