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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

RELATÓRIO DE PESQUISA: A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM NOS ANOS INICIAIS DA CRIANÇA

AMANDA NUNES DE MIRANDA
ANA CARINA DOS REIS RODRIGUES
CÁSSIA LIMA DE SOUZA
DAMARIS PASSOS DA SILVA
GILVANETE BRITO FERREIRA ( VESPERTINO)
JARBAS SILVA ABREU ( VESPERTINO)
LÉA TATIANA SOUZA DA SILVA
PAULO MONTEIRO DOS SANTOS








1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem o objetivo de abordar a importância dos chamados “erros”[1] da ortografia feitos pelos alunos nas series iniciais. Tal pesquisa em questão, é abordado de acordo com estudos já propostos por profissionais na área da Fonoaudiologia, Lingüística e possivelmente da Gramática. Adotamos como base as obras dos teóricos Artur Gomes de Morais, “Ortografia Ensinar e Aprender” e de Jaime Luiz Zorzi, “Aprender e Escrever”.
Os livros expõem como os educadores devem lidar com os “erros” ortográficos dos alunos e como podem proceder para estarem cientes da importância que os estudos fonéticos exercem na formalização ou evolução ortográfica para representar uma formação nos processos lingüísticos da vida de tais alunos.
O conhecimento ortográfico é algo que a criança não aprende sozinha, é na escola que ela vai dominar o funcionamento do sistema da escrita alfabética, o professor será o mediador que tende a orientar seus educandos. Nos afirma Zorzi que:
“Quando se orienta a criança para que ela preste a atenção no modo de pronunciar as palavras, para que possa verificar que “calça” se escreve com “u”, o que esta sendo feito, na realidade, é reforçar a idéia de uma correspondência estreita entre fala e escrita, o que não é real.” (ZORZI, 1998, p.21)

 Quando fazemos esta correspondência a que fala o autor, estamos orientando a criança sobre a diferença entre escrita e fala, e esse é um dos muitos fatores em que o aluno irá conhecer a ortografia e suas tecnologias complexas em relação com a língua.
Nosso objeto de pesquisa aborda os alunos da educação básica, tendo como objetivo seus conhecimentos sobre a articulação prática da língua em questão.
Sabemos que antes de se deparar com a escrita, o ser humano em seu processo de formação, adquiri a fala como primeiro elemento de comunicação. Esta formação se dá no meio família.
Logo após à está absorção e desenvolvimento de linguagem que muitos professores tratam como uma aprendizagem “informal”, o aluno é introduzida ao ensino, cujo o qual a escola chama de “formal”, e sabemos que na maioria das escolas ainda não se entende a diferença da escrita para a fala.
Afirma  Zorzi que: “Aprender a escrever não se reduz a associar letras e sons ou a fixar a forma das palavras. Corresponde, na realidade, a um processo de conceitualização da aprendizagem.” (ZORZI, 1998, p.21) A maioria das escolas ainda vivem em um modelo arcaico de língua e gramática.
É na escola que a criança, ou o alunado, vai ter acesso as letras, a orações, a textos,  as regras gramaticais em geral, as quais abordarão as palavras que são formadas ou compostas por sílabas. Algumas destas sílabas são diferente de sons, mas na maioria das escola criou-se a prática de associar toda pronuncia da palavra à forma como ela é escrita, esquecendo-se a escola das diversas “variações lingüísticas”(BAGNO, 2007, p.67) como nos afirma Bagno.
Diante disso, mesmo sabendo das dificuldades e restrições que é aprender a ensinar a norma ortográfica, este trabalho tem como pano de fundo ajudar na compreensão dos “erros” ortográficos.
Acreditamos que deve ser objetivo de conhecimento dos professores e da escola, o discernir do “erro” em sala de aula, com a finalidade de está ajudando seus alunos a compreender melhor o processo do “errado” na ortografia, e a diferença entre sons da fala e a palavra escrita, esse seria o primeiro passo para uma melhor compreensão do “erro”.
Assim que o aluno estiver consciente desta diferença ele vai sentir-se seguro para internalizar as regras gramaticais e sua associação com os processos fonéticos.  
O professor não deve temer o “erro”, nem desenvolver este medo nos seus alunos, ele deve orientá-los a trabalhar com estes “erros” no processo de correção das palavras. É preciso que os professores saiam do velho ensino tradicional e inovem as metodologias de ensino.
Nosso trabalho consiste em mostrar tais “erros” e o que podemos fazer para melhor ajudar os alunos a lidar com estes “erros” que na verdade não são propriamente “erros”, mas uma evolução complexa dos fenômenos lingüísticos.


2 METODOLOGIA

A coleta de dados foi realizada no Colégio Estadual Heraclides Martins de Andrade, situado na avenida ACM, no município de Tucano – Bahia.
 O trabalho foi aplicado nas turmas de 9º ano (a, b, c). Foi solicitado do professor de Língua Portuguesa um momento da aula para aplicar a atividade proposta pelos alunos da Universidade do Estado da Bahia ( UNEB ) do 4º semestre, orientada pela professora Juciana Cerqueira para realização de uma pesquisa na disciplina de Estudos Fonéticos e Fonológicos.
A atividade proposta aos alunos do 9º foi de realizar uma redação, sendo o tema da redação “Bullying”[2], pois, é um assunto atual e de grande importância para a faixa etária dos alunos.
Os alunos produziram a redação individualmente sobre o tema proposto. A quantidade de alunos do 9º são 54 alunos. O 9º A possui 19 alunos, 14 meninas e 5 meninos; No 9º ano B possui 19 alunos, sendo 11 meninos e 8 meninas; No 9º C possui 16 alunos, 8 meninos e 8 meninas.


3 RESULTADOS

O objetivo da pesquisa, como fora dito antes na introdução deste trabalho, tem como foco observar a ortografia dos alunos na educação básica das escolas públicas e seus amplos aspectos de ligação com os processos da fala.
Para isso, usamos os critérios de Zorzi (1998) para fazer nosso trabalho. Dividimos a pesquisa de acordo com a obra do autor, Aprender a Escrever[3].Na obra de Zorzi o esquema de pesquisa está dividido em categorias denominadas da seguinte forma: Representações de Múltiplas;  Apoio a Oralidade; Omissão de Letras; Junção de Separação não Convencional; Confusão entre AM e ÃO; Generalização de Regras; Substituição de Fonemas Surdos por Sonoros; Acréscimo de Letras; Letras Parecidas; Inversão; Outros.
Nosso método de trabalho foi através de textos aplicados em sala de aula, (já informada na metodologia deste trabalho), por meio de redações sugeridas aos alunos sobre um determinado tema,  solicitamos aos estudantes que dissertassem sobre a atividade proposta. O total de textos foram 41 redações, sendo que  a divisão por sexo foi: 25 redações para o feminino, e 16 para o masculino. 
Ao término de nossa pesquisa, já com os dados à mão, chegamos a constatação, através de árduos cálculos matemáticos avaliativos sobre as distorções na escritas dos alunos, que o número de “erros” por categoria  fora mais elevado nas Representações Múltiplas, o que também é semelhante na obra de Zorzi (1998) onde esta mesma categoria está em primeiro lugar em número de erros.
            Nosso trabalho apresentou os seguintes dados: O sexo feminino mostrou 76 erros ortográfico e o masculino 37, sendo somados 113 erros tanto para o gênero masculinos quanto para o femininos. No geral e por categorias, a pesquisa nos revela os seguintes resultados:

TABELA DE ERROS POR CATEGORIA E GÊNERO


CATEGORIA

CATEGORIZAÇÃO DE ERROS
NÚMERO DE ERROS FEM. - MAS.

PERCENTUAL
TOTAL GERAL DE ERROS
Representações Múltiplas
Fem:28
Mas:15
38, 5%
43
Apoio na Oralidade
Fem:20
Mas:8
24,7%
28
Omissão de Letras
Fem:8
Mas:6
12,3%
14

Generalização de Regras
Fem:4
Mas:5
7,9%
9
Inversão de letras
Fem:5
Mas:1
5,3%
6
Acréscimo de Letras
Fem:4
Mas:1
4,4%
5
J. S. N. Convencional
Fem:4
Mas:0
3,5%
4
Confusão entre AM – ÃO
Fem:1
Mas: 1
1,7%
2
Letras Parecidas
Fem:1
Mas:0
1,1%
1
Outros
Fem:1
Mas:0
1,1%
1
S. de Fonemas Surdos por Sonoros
10°
Fem:0
Mas:0
0%
0

Total de redações: 41.
- Sexo Masculino:  16
- Sexo Feminino:    25

Quantidade de erros: 113
- Sexo Masculino: 37
- Sexo Feminino:  76


         

GRÁFICO 1: Total geral comparativo por sexo e categoria










GRÁFICO 2: Total geral de erros por categoria


No grau comparativo entre sexo os erros foram maior no gênero  feminino, (lembrando que o número maior de redações são do sexo feminino). A pesquisa revelou os seguintes dados:

TABELA DE ERROS COMPARATIVOS ENTRE SEXO MASCULINO E SEXO FEMININO

Categoria
Sexo Feminino
Sexo Masculino
Total geral de erros
Representações Múltiplas

65,1%
35,7%
43
Apoio na Oralidade

71,4%
28,5%
28
Omissão de Letras

57,1%
42,8%
14
J. S. N. Convencional

100%
0%
4
Confusão entre AM – ÃO

50%
50%
2
Generalização de Regras

44,4%
55,5%
9
S. de Fonemas Surdos por Sonoros

0%
0%
0
Acréscimo de Letras


80%
20%
5
Letras Parecidas


100%
0%
1
Inversão de letras


83,3%
16,6%
6
Outros

100%
0%
1
Margem de Erro: 0,5%

TOTAL DE REDAÇÕES: 41                                                          
- Sexo Masculino:  16
- Sexo Feminino:    25

QUANTIDADE DE ERROS: 113
- Sexo Masculino: 37
- Sexo Feminino:  76






















GRÁFICO 3: Total geral de erros por sexo


Diante destes dados constatamos que ainda há no aluno problemas com a escrita. Cabe ao professor melhorar e buscar recursos para que isso possa ser modificado.
Acreditamos que nunca deve-se responsabilizar o aluno pelos chamados erros ortográficos, isso seria denegrir uma prática introduzida por a mesma mazela de educadores que os condicionaram a estes erros.
Estes dados também revelam quase a mesma pesquisa feita pelo autor Zorzi. São dados muito parecidos, mas que já da a visão de melhoras. Tais informações só iram ajudar ainda mais a compreender este artifício tão complexos que é a fala e a escrita nos parâmetros ortográficos.









4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisarmos os problemas de aprendizagem na escrita, deparamo-nos com uma realidade hostil, onde a escola expõe os alunos ao ensino “mecânico” utilizando-se de atividades como: cópias, ditados, complementação de frases, redações e leitura de textos, reforçando a idéia de Faraco da “automatização” em que os alunos são compelidos a decorar regras como demonstração de saber, ficando limitados a reproduzir somente aquilo que lhes é ensinado, não idealizando o “erro” como um artefato inerente ao processo da aprendizagem, dificultando assim a  apropriação da escrita, contrapondo aos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa do Ensino Fundamental que  enfatiza o direito do alunado  ao acesso à atividades interativas e reflexivas.
Ressalta-se que a escrita não se reduz a uma mera reprodução da educação tradicionalista conteudista. Bem como as escolas têm como dever proporcionar aos seus alunos momentos de interação/reflexão destacando que a escrita é um fator social e que se faz necessário o aprendizado escrito, tão quanto o aprendizado oral para fazer uso destes no seu cotidiano enquanto sujeitos críticos frente à sociedade.
Diante da atividade proposta aos alunos constatou-se que a incidência de “erro” implicou-se na categoria das Representações Múltiplas na qual o sistema de escrita alfabética oferece uma correlação entre sons e letras.
O que podemos fazer para que este tipo de problema seja superado? Será que podemos superar estes “erros” ou eles fazem parte de uma processo de formação no sujeito?
Acreditamos que cabe ao professor não disseminar a idéia do “erro” no aluno como um fator negativo e sim fazê-lo entender que o erro é um processo de evolução de aprendizagem, como de correlação entre fala e escrita, ponderando seu contexto sócio-econômico-cultural e sociolingüístico.







REFERÊNCIA

BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por Acaso: Por uma pedagogia da variação linguística./ – São Paulo: Parábola Editorial, 2007. 
MORIAS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender./ 5ª ed. – São Paulo: Editora Ática, 2002.
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília :MEC/SEF, 1998.
ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a Escrever: A apropriação do sistema ortográfico./ – Porto Alegre: Artes Medicas, 1998.
SILVA, Thaïs Cristófaro.Fonética e Fonologia do Português: Roteiro de estudos e guia de exercícios./ 5ª. ed.- São Paulo: Contexto, 2001.




[1] Ver na obra já referenciada no final deste relatório a definição do termo “erro” na visão de Zorzi.
[2] O tema em inglês da redação foi apenas uma sugestão de atividade. As redações foram elaboradas em língua portuguesa 
[3] Ver na obra do autor (referenciada no final do trabalho) definições sobre as categorias.