AMANDA NUNES DE MIRANDA
ANA CARINA DOS REIS RODRIGUES
CÁSSIA LIMA DE SOUZA
DAMARIS PASSOS DA SILVA
GILVANETE BRITO FERREIRA ( VESPERTINO)
JARBAS SILVA ABREU ( VESPERTINO)
LÉA TATIANA SOUZA DA SILVA
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem o
objetivo de abordar a importância dos chamados “erros”[1] da
ortografia feitos pelos alunos nas series iniciais. Tal pesquisa em questão, é
abordado de acordo com estudos já propostos por profissionais na área da
Fonoaudiologia, Lingüística e possivelmente da Gramática. Adotamos como base as
obras dos teóricos Artur Gomes de Morais, “Ortografia Ensinar e Aprender” e de Jaime
Luiz Zorzi, “Aprender e Escrever”.
Os livros expõem como os
educadores devem lidar com os “erros” ortográficos dos alunos e como podem
proceder para estarem cientes da importância que os estudos fonéticos exercem na
formalização ou evolução ortográfica para representar uma formação nos
processos lingüísticos da vida de tais alunos.
O conhecimento ortográfico
é algo que a criança não aprende sozinha, é na escola que ela vai dominar o
funcionamento do sistema da escrita alfabética, o professor será o mediador que
tende a orientar seus educandos. Nos afirma Zorzi que:
“Quando
se orienta a criança para que ela preste a atenção no modo de pronunciar as
palavras, para que possa verificar que “calça” se escreve com “u”, o que esta
sendo feito, na realidade, é reforçar a idéia de uma correspondência estreita
entre fala e escrita, o que não é real.” (ZORZI, 1998, p.21)
Quando fazemos esta correspondência a que fala
o autor, estamos orientando a criança sobre a diferença entre escrita e fala, e
esse é um dos muitos fatores em que o aluno irá conhecer a ortografia e suas
tecnologias complexas em relação com a língua.
Nosso objeto de pesquisa
aborda os alunos da educação básica, tendo como objetivo seus conhecimentos
sobre a articulação prática da língua em questão.
Sabemos que antes de se
deparar com a escrita, o ser humano em seu processo de formação, adquiri a fala
como primeiro elemento de comunicação. Esta formação se dá no meio família.
Logo após à está absorção
e desenvolvimento de linguagem que muitos professores tratam como uma
aprendizagem “informal”, o aluno é introduzida ao ensino, cujo o qual a escola
chama de “formal”, e sabemos que na maioria das escolas ainda não se entende a
diferença da escrita para a fala.
Afirma Zorzi que: “Aprender a escrever não se reduz a
associar letras e sons ou a fixar a forma das palavras. Corresponde, na
realidade, a um processo de conceitualização da aprendizagem.” (ZORZI, 1998,
p.21) A maioria das escolas ainda vivem em um modelo arcaico de língua e
gramática.
É na escola que a criança,
ou o alunado, vai ter acesso as letras, a orações, a textos, as regras gramaticais em geral, as quais abordarão
as palavras que são formadas ou compostas por sílabas. Algumas destas sílabas
são diferente de sons, mas na maioria das escola criou-se a prática de associar
toda pronuncia da palavra à forma como ela é escrita, esquecendo-se a escola
das diversas “variações lingüísticas”(BAGNO, 2007, p.67) como nos afirma Bagno.
Diante disso, mesmo
sabendo das dificuldades e restrições que é aprender a ensinar a norma
ortográfica, este trabalho tem como pano de fundo ajudar na compreensão dos
“erros” ortográficos.
Acreditamos que deve ser
objetivo de conhecimento dos professores e da escola, o discernir do “erro” em
sala de aula, com a finalidade de está ajudando seus alunos a compreender
melhor o processo do “errado” na ortografia, e a diferença entre sons da fala e
a palavra escrita, esse seria o primeiro passo para uma melhor compreensão do
“erro”.
Assim que o aluno estiver
consciente desta diferença ele vai sentir-se seguro para internalizar as regras
gramaticais e sua associação com os processos fonéticos.
O professor não deve temer
o “erro”, nem desenvolver este medo nos seus alunos, ele deve orientá-los a
trabalhar com estes “erros” no processo de correção das palavras. É preciso que
os professores saiam do velho ensino tradicional e inovem as metodologias de
ensino.
Nosso trabalho consiste em
mostrar tais “erros” e o que podemos fazer para melhor ajudar os alunos a lidar
com estes “erros” que na verdade não são propriamente “erros”, mas uma evolução
complexa dos fenômenos lingüísticos.
2 METODOLOGIA
A coleta de dados foi
realizada no Colégio Estadual Heraclides Martins de Andrade, situado na avenida
ACM, no município de Tucano – Bahia.
O trabalho foi aplicado nas turmas de 9º ano
(a, b, c). Foi solicitado do professor de Língua Portuguesa um momento da aula
para aplicar a atividade proposta pelos alunos da Universidade do Estado da
Bahia ( UNEB ) do 4º semestre, orientada pela professora Juciana Cerqueira para
realização de uma pesquisa na disciplina de Estudos Fonéticos e Fonológicos.
A atividade proposta aos
alunos do 9º foi de realizar uma redação, sendo o tema da redação “Bullying”[2],
pois, é um assunto atual e de grande importância para a faixa etária dos
alunos.
Os alunos produziram a
redação individualmente sobre o tema proposto. A quantidade de alunos do 9º são
54 alunos. O 9º A possui 19 alunos, 14 meninas e 5 meninos; No 9º ano B possui
19 alunos, sendo 11 meninos e 8 meninas; No 9º C possui 16 alunos, 8 meninos e
8 meninas.
3 RESULTADOS
O objetivo da pesquisa,
como fora dito antes na introdução deste trabalho, tem como foco observar a
ortografia dos alunos na educação básica das escolas públicas e seus amplos
aspectos de ligação com os processos da fala.
Para isso, usamos os
critérios de Zorzi (1998) para fazer nosso trabalho. Dividimos a pesquisa de
acordo com a obra do autor, Aprender a Escrever[3].Na
obra de Zorzi o esquema de pesquisa está dividido em categorias denominadas da
seguinte forma: Representações de Múltiplas; Apoio a Oralidade; Omissão de Letras; Junção
de Separação não Convencional; Confusão entre AM e ÃO; Generalização de Regras;
Substituição de Fonemas Surdos por Sonoros; Acréscimo de Letras; Letras
Parecidas; Inversão; Outros.
Nosso método de trabalho
foi através de textos aplicados em sala de aula, (já informada na metodologia
deste trabalho), por meio de redações sugeridas aos alunos sobre um determinado
tema, solicitamos aos estudantes que
dissertassem sobre a atividade proposta. O total de textos foram 41 redações,
sendo que a divisão por sexo foi: 25
redações para o feminino, e 16 para o masculino.
Ao término de nossa
pesquisa, já com os dados à mão, chegamos a constatação, através de árduos
cálculos matemáticos avaliativos sobre as distorções na escritas dos alunos,
que o número de “erros” por categoria
fora mais elevado nas Representações Múltiplas, o que também é
semelhante na obra de Zorzi (1998) onde esta mesma categoria está em primeiro
lugar em número de erros.
Nosso
trabalho apresentou os seguintes dados: O sexo feminino mostrou 76 erros
ortográfico e o masculino 37, sendo somados 113 erros tanto para o gênero
masculinos quanto para o femininos. No geral e por categorias, a pesquisa nos
revela os seguintes resultados:
TABELA DE ERROS POR
CATEGORIA E GÊNERO
CATEGORIA
|
CATEGORIZAÇÃO DE ERROS
|
NÚMERO DE ERROS FEM. - MAS.
|
PERCENTUAL
|
TOTAL GERAL DE ERROS
|
Representações Múltiplas
|
1°
|
Fem:28
Mas:15
|
38, 5%
|
43
|
Apoio na Oralidade
|
2°
|
Fem:20
Mas:8
|
24,7%
|
28
|
Omissão de Letras
|
3°
|
Fem:8
Mas:6
|
12,3%
|
14
|
Generalização de Regras
|
4°
|
Fem:4
Mas:5
|
7,9%
|
9
|
Inversão de letras
|
5°
|
Fem:5
Mas:1
|
5,3%
|
6
|
Acréscimo de Letras
|
6°
|
Fem:4
Mas:1
|
4,4%
|
5
|
J. S. N. Convencional
|
7°
|
Fem:4
Mas:0
|
3,5%
|
4
|
Confusão entre AM – ÃO
|
8°
|
Fem:1
Mas: 1
|
1,7%
|
2
|
Letras Parecidas
|
9°
|
Fem:1
Mas:0
|
1,1%
|
1
|
Outros
|
9°
|
Fem:1
Mas:0
|
1,1%
|
1
|
S. de Fonemas Surdos por Sonoros
|
10°
|
Fem:0
Mas:0
|
0%
|
0
|
Total de redações: 41.
-
Sexo Masculino: 16
-
Sexo Feminino: 25
Quantidade de erros:
113
-
Sexo Masculino: 37
-
Sexo Feminino: 76
GRÁFICO 1:
Total geral comparativo por sexo e categoria
GRÁFICO
2: Total geral de erros por categoria
No
grau comparativo entre
sexo os erros foram maior no gênero feminino,
(lembrando que o número maior de redações são do sexo feminino). A pesquisa revelou
os seguintes dados:
TABELA DE ERROS
COMPARATIVOS ENTRE SEXO MASCULINO E SEXO FEMININO
Categoria
|
Sexo
Feminino
|
Sexo
Masculino
|
Total
geral de erros
|
Representações Múltiplas
|
65,1%
|
35,7%
|
43
|
Apoio na Oralidade
|
71,4%
|
28,5%
|
28
|
Omissão de Letras
|
57,1%
|
42,8%
|
14
|
J. S. N. Convencional
|
100%
|
0%
|
4
|
Confusão entre AM – ÃO
|
50%
|
50%
|
2
|
Generalização de Regras
|
44,4%
|
55,5%
|
9
|
S. de Fonemas Surdos por Sonoros
|
0%
|
0%
|
0
|
Acréscimo de Letras
|
80%
|
20%
|
5
|
Letras Parecidas
|
100%
|
0%
|
1
|
Inversão de letras
|
83,3%
|
16,6%
|
6
|
Outros
|
100%
|
0%
|
1
|
Margem de
Erro: 0,5%
TOTAL DE REDAÇÕES: 41
-
Sexo Masculino: 16
-
Sexo Feminino: 25
QUANTIDADE DE ERROS:
113
-
Sexo Masculino: 37
-
Sexo Feminino: 76
GRÁFICO 3:
Total geral de erros por sexo
Diante destes dados
constatamos que ainda há no aluno problemas com a escrita. Cabe ao professor
melhorar e buscar recursos para que isso possa ser modificado.
Acreditamos que nunca
deve-se responsabilizar o aluno pelos chamados erros ortográficos, isso seria
denegrir uma prática introduzida por a mesma mazela de educadores que os
condicionaram a estes erros.
Estes dados também revelam
quase a mesma pesquisa feita pelo autor Zorzi. São dados muito parecidos, mas
que já da a visão de melhoras. Tais informações só iram ajudar ainda mais a
compreender este artifício tão complexos que é a fala e a escrita nos
parâmetros ortográficos.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao analisarmos os problemas
de aprendizagem na escrita, deparamo-nos com uma realidade hostil, onde a
escola expõe os alunos ao ensino “mecânico” utilizando-se de atividades como:
cópias, ditados, complementação de frases, redações e leitura de textos,
reforçando a idéia de Faraco da “automatização” em que os alunos são compelidos
a decorar regras como demonstração de saber, ficando limitados a reproduzir
somente aquilo que lhes é ensinado, não idealizando o “erro” como um artefato
inerente ao processo da aprendizagem, dificultando assim a apropriação da escrita, contrapondo aos
Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa do Ensino Fundamental
que enfatiza o direito do alunado ao acesso à atividades interativas e
reflexivas.
Ressalta-se que a escrita
não se reduz a uma mera reprodução da educação tradicionalista conteudista. Bem
como as escolas têm como dever proporcionar aos seus alunos momentos de
interação/reflexão destacando que a escrita é um fator social e que se faz
necessário o aprendizado escrito, tão quanto o aprendizado oral para fazer uso
destes no seu cotidiano enquanto sujeitos críticos frente à sociedade.
Diante da atividade
proposta aos alunos constatou-se que a incidência de “erro” implicou-se na
categoria das Representações Múltiplas na qual o sistema de escrita alfabética
oferece uma correlação entre sons e letras.
O que podemos fazer para
que este tipo de problema seja superado? Será que podemos superar estes “erros”
ou eles fazem parte de uma processo de formação no sujeito?
Acreditamos que cabe ao
professor não disseminar a idéia do “erro” no aluno como um fator negativo e
sim fazê-lo entender que o erro é um processo de evolução de aprendizagem, como
de correlação entre fala e escrita, ponderando seu contexto sócio-econômico-cultural
e sociolingüístico.
REFERÊNCIA
BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por Acaso: Por uma pedagogia da variação linguística./
– São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
MORIAS, Artur Gomes de. Ortografia: Ensinar e Aprender./ 5ª ed.
– São Paulo: Editora Ática, 2002.
Brasil. Secretaria de Educação
Fundamental. Parâmetros curriculares
nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/
Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília :MEC/SEF, 1998.
ZORZI, Jaime Luiz. Aprender a Escrever: A apropriação do
sistema ortográfico./ – Porto Alegre: Artes Medicas, 1998.
SILVA, Thaïs Cristófaro.Fonética e Fonologia do Português: Roteiro
de estudos e guia de exercícios./ 5ª. ed.- São Paulo: Contexto, 2001.