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domingo, 30 de julho de 2017

OS ARGUMENTOS DE BARTOLOMEU DE LAS CASAS CONTRA A COLONIZAÇÃO ANTERIOR A DESCARTES


Este curto artigo, tenta expor o pensamento de Bartolomeu Las Casas e sua luta para mostra a identidade do Outro, o índio, na América, e sua cultura que também pertence ao Ser. Nisso buscasse uma valorização e uma tentativa de revelar que, mesmo antes de Descartes, Bartolomeu las Casas já formulava um conceito de modernidade.Quem é o outro? Porque era visto como um animal sem alma? Porque a Europa toma para si a verdade revelada enquanto que os Índios são animais irracionais? A estas perguntas tentamos responder de maneira breve e sucinta pelo pensamento de Bartolomeu Las Casas e a crítica ao pensamento cartesiano.Abordamos aqui também, a importância do pensamento de Descartes, não tomando para si a verdade revelada de pai da filosofia moderna, mas um construtor, assim, como a maioria dos pensadores de sua época. 

O ANTE DISCURSO DE BARTOLOMEU LAS CASAS

Aqui tratamos do ante-discurso do frei Bartolomeu de Las Casas o qual foi o primeiro critico, da modernidade perante a Europa como: o “Imperio do Mundo”. “Bartolomeu é o primeiro crítico frontal da modernidade.” (SANTOS, MENESE, p. 361) Bartolomeu crítica o pensamento moderno europeu de seu tempo por tratar os índios como seres sem alma, não racionais e que não carecem de amor como nosso próximo.

“Durante cinco séculos, toda modernidade permanecerá nesse estado de consciência ético-politico em situação ‘letárgica’, como ‘adormecida’, sem ‘sensibilidade’ perante a dor do mundo periférico do sul.” (SANTOS, MENESES, p. 362)

Bartolomeu lotou incansavelmente para mostra ao mundo tanto o “Outro da modernidade nascente [...]” como o “serviço aos injustamente tratados habitantes recém-descobertos do Novo Mundo [...]”(SANTOS, MENESE, p. 362).

Tudo é provado argumentativamente em volumosas obras escritas no meio de contínuas lutas políticas, a partir de uma práxis corajosa e no meio de fracassos que não vergam a sua vontade de serviços aos injustamente tratados habitantes recém-descobertos Novo Mundo: o Ouro da modernidade nascente.(SANTOS, MENESE, p. 362).


Neste ponto, Bartolomeu Las Casas faz sua dura critica aos descobridores da modernidade nascente. A Europa deu mais ênfase ao ouro, as terras dos habitantes que naquele local viviam. Trataram aqueles povos como animais sem alma, sem cultura sem identidade. Como se somente a Europa possuíssem estas qualidades.
Bartolomeu, era um eximiu intelectual de seu tempo, escreveu muitos livros analisando a perspectiva do Outro, o índio. O outro que não era mais o europeu descobridor, mas um novo mundo um novo humano. Bartolomeu foi um crítico da modernidade. Em uma época de muitos escritos em devesa dos índios pelos padres.

 Bartolomeu é nomeado Bispo de Chiapas, mas tem de renunciar por causa da violência com que os conquistadores praticavam com os maias e contra os bispo. É na Espanha que ele vai escrever a maioria de suas obras, sempre se questionando qual o direito que tem a Europa de conquistar os índios.
Analisando criticamente, Bartolomeu afirmava que a filosofia nascente, moderna está se impondo as outras culturas, como a mais verdadeiras das filosofias e que apenas o modelo ético europeu era o correto. Todo o que era do outro era incultura, irracional. A Europa adora o deus verdadeiro, e o resto do mundo adora o Deus mal.

Naquela altura houve três momentos em que as comunidades indígenas sofreram de maneira crescente o processo de dominação colonial moderna. No primeiro, os indígenas sofreram os horrores da conquista e as comunidades indígenas que conseguiram sobreviver foram enquadradas no sistema da concessão [...] e da repartição por sorteio [...] para trabalhar nas minas e Bartolomeu de Las Casas criticou frontalmente ambas as instituições. No segundo, a partir da denominada “Junta Magna” que Felipe II convoca para unificar a política colonial, que é encabeçada pelo Vice-Rei do Peru, Francisco Toledo, as utopias messiânicas franciscanas e dos lutadores a favor das comunidades indígenas recebem o choque frontal de um novo projeto colonizador (1569). Nesta altura é decidida uma nova estratégia diretamente anti-lascasiana. O contra-argumento dentro da racionalidade moderna foi orquestrado durante o governo do referido Vice-Rei, eurocêntrico, decidido, que encomendou a seu primo Garcia de Toledo o Parecer Yucay, em que se tenta demonstrar que os incas eram ilegítimos e tirânicos, daí que os europeus tenham tido justificação para efetuar a conquista e repartição dos índios, para os emancipar de uma tal opressão.(SANTOS, MENESE, p. 366).

A essas ideias começa uma verdadeira luta para mostrar os índios como vitimas de uma modernização que privilegiava apenas a Europa como centro do Bem. Começa-se a discursão, a saber, se possuía o índio alma, ou se eram apenas selvagem como animais. A essa questão foi Bartolomeu frontalmente contra os conquistadores europeus a favor dos índios: Sim o índio é um ser humano dotado de consciência e de uma cultura singular. A Igreja acatou a ideia de Bartolomeu, mas era inevitável que na America dos séculos das Grandes Navegações já tínhamos uma Guerra: O Homem-Europeu, Contra o Homem-Americano; Uma Guerra do Ser e o Nada, do Eu e do Outro.
 

DESCARTES E SEU RESPEITO ÀS CULTURAS

No livro Discurso do Método, Descartes, antes de chegar à conclusão de que é uma coisa pensante, assume que ha outras culturas, com elas aprendeu e que agora pode refletir sobre outro jeito de pensar o que seja o “eu” e o conhecimento.


[...] É bom saber algo dos costumes de diversos povos a fim de que julguemos os nossos mais samentee não pensemos que tudo quanto é contra os nossos modos é ridículo e contrario à razão, como soem proceder os que nada viram. Mas, quando empregamos demasiado tempo em viajar, acabamos tornando-nos estrangeiros em nossa própria terra.[...] (DESCARTES, 1973, p.39)


Se observamos bem essas palavras de Descartes, vemos seu juízo sobre como tratar das outras culturas. Veja que Descartes faz um apelo: “e não pensemos que tudo quanto é contra os nossos modos é ridículo e contra a razão.” Podemos nos indagar o que é essa razão que fala Descartes? Razão aqui é o ser que pensa; a coisa
pensante; o homem que existe porque pensa. Já nestas palavras, daquele que é considerado o pai da filosofia moderno, há uma construção do seu pensamento naquilo que acontecia na Europa daquele momento. Tendo nascido em 1596, (REALI, ANTISERI, 2004, p. 283), e intelectual como era, ele mesmo se perguntava sobre as varias coisas que se passavam em sua época: o Descobrimento das Américas, os índios e seus costumes humanos totalmente diferentes dos povos orientais, a ciência nascente de Galileu Galilei e Isaac Newton. Como agora poderíamos ter uma ideia do que seria a razão?

Da Filosofia nada direi, senão que, vendo que foi cultivada pelos mais excelsos espíritos que viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra ainda uma só coisa sobre a qual não se dispute e por conseguinte que não seja duvidosa, eu não alimentava qualquer presunção de acertar melhor do que os outros. [...] (DESCARTES, 1973, p.39)

Esses ceticismos cartesiano também nos convida a refletir se Descartes não começa a desconfiar do conhecimento europeu de seu tempo diante dos vários acontecimento que estavam se passando.  Descartes propõe seu método não melhor que os dos outros, e nem mesmo melhor que o seu conhecimento. Esse método era o da dúvida.
Outro fato que se deve refletir seria: pensar o poder da Igreja Católica na época, e de como ela tratava qualquer conhecimento europeu de seu tempo que não seguisse sua linha de raciocínio fincada no dogma: Fé e Razão. O pensamento de Descartes caminhava na mão contraria da igreja. Depois, mais tarde, Descartes no livro Meditações, dará mais explicações sobre seu método, provando a existência de Deus.

AOS SENHORES DEÃO E DOUTORES DA SAGRADA FACULDADE DE TEOLOGIA DE PARIS [...] Senhores, [...] Sempre estimei que estas duas questões, de Deus e da alma, eram as principais entre as que devem ser demonstradas mais pela razão da Filosofia que da teologia. [...] (DESCARTES, 1973, p. 83).

Descartes em receio de seus estudos desencadear problemas com a inquisição, propõe uma explicação sobre o que de fato quer com seu método no livro Meditações, justamente pensando na condenação de Galileu, na morte de Giordano Bruno e na prisão de Campanella. (REALI, ANTISERI, 2004, p. 284)
Com isso tentamos mostrar essa concordância entre Descartes e o pensamento de Las Casas. Mesmo com temas diferentes e divergentes, vemos que o mal da perseguição entre o pensamento de ambos eram iguais. Iguais e de fato profundos... Desde esse momento Descartes, que expõem suas ideias e divide o pensamento entre duas coisas, Sujeito e Objeto, passando a tratar o Universo como uma maquina, de certa forma radicaliza seu pensamento em um profundo Ceticismo da Dúvida. Nasce por assim dizer, juntamente com o empirismo de Bacon, a Ciência.  A Res Cogitans e a Res Extensa.  

CONCLUSÃO

É fato, que o Discurso do Método, não é o começo da modernidade, já que o próprio Descartes nos revela isso em seu livro, e como vimos no tópico acima. Seu livro é sobre o método que torna a ciência e o conhecimento mais rigoroso. Coisa que Galileu não especificou em suas pesquisas (REALI, ANTISERI, 2004, p. 283) e que Descartes o faz.
Bartolomeu de Las Casas, e não só ele como outros, que aqui na América latina conviveram com a barbárie da morte dos índios, viram que há que se levar em  conta que existe outras culturas, existes o outro, e este outro é também o Ser. Neste sentido o pensamento filosófico deve ser revisado de forma antropológica na figura do outro. 

REFERÊNCIADAS

DESCARTES, René. Descartes: Discursos do Método. São Paulo: Abril, 1973. (Coleção os grandes Pensadores);

________________. Descrates: Meditações. São Paulo: Abril, 1973. (Coleção os grandes Ppensadores);

REALI, Giovanni; Antiseri, Dario. História da Filosofia: do humanismo a Descartes.São Paulo: Paulus, 2004.

 
Autor: Paulo Monteiro dos Santos
Estudante Filosofia, Favi