Este curto artigo, tenta expor o pensamento de Bartolomeu Las Casas e sua luta para mostra a identidade do Outro, o índio, na América, e sua cultura que também pertence ao Ser. Nisso buscasse uma valorização e uma tentativa de revelar que, mesmo antes de Descartes, Bartolomeu las Casas já formulava um conceito de modernidade.Quem é o outro? Porque era visto como um animal sem alma? Porque a Europa toma para si a verdade revelada enquanto que os Índios são animais irracionais? A estas perguntas tentamos responder de maneira breve e sucinta pelo pensamento de Bartolomeu Las Casas e a crítica ao pensamento cartesiano.Abordamos aqui também, a importância do pensamento de Descartes, não tomando para si a verdade revelada de pai da filosofia moderna, mas um construtor, assim, como a maioria dos pensadores de sua época.
O ANTE
DISCURSO DE BARTOLOMEU LAS CASAS
Aqui tratamos do ante-discurso
do frei Bartolomeu de Las Casas o qual foi o primeiro critico, da modernidade
perante a Europa como: o “Imperio do Mundo”. “Bartolomeu é o primeiro crítico frontal da modernidade.” (SANTOS,
MENESE, p. 361) Bartolomeu crítica o pensamento moderno europeu de seu tempo
por tratar os índios como seres sem alma, não racionais e que não carecem de
amor como nosso próximo.
“Durante cinco
séculos, toda modernidade permanecerá nesse estado de consciência
ético-politico em situação ‘letárgica’, como ‘adormecida’, sem ‘sensibilidade’
perante a dor do mundo periférico do sul.” (SANTOS, MENESES, p. 362)
Bartolomeu lotou
incansavelmente para mostra ao mundo tanto o “Outro da modernidade nascente
[...]” como o “serviço aos injustamente tratados habitantes recém-descobertos
do Novo Mundo [...]”(SANTOS, MENESE, p. 362).
Tudo é provado
argumentativamente em volumosas obras escritas no meio de contínuas lutas
políticas, a partir de uma práxis corajosa e no meio de fracassos que não
vergam a sua vontade de serviços aos injustamente tratados habitantes
recém-descobertos Novo Mundo: o Ouro da modernidade nascente.(SANTOS, MENESE,
p. 362).
Neste ponto, Bartolomeu Las
Casas faz sua dura critica aos descobridores da modernidade nascente. A Europa
deu mais ênfase ao ouro, as terras dos habitantes que naquele local viviam.
Trataram aqueles povos como animais sem alma, sem cultura sem identidade. Como
se somente a Europa possuíssem estas qualidades.
Bartolomeu, era um eximiu
intelectual de seu tempo, escreveu muitos livros analisando a perspectiva do
Outro, o índio. O outro que não era mais o europeu descobridor, mas um novo
mundo um novo humano. Bartolomeu foi um crítico da modernidade. Em uma época de
muitos escritos em devesa dos índios pelos padres.
Bartolomeu é nomeado Bispo de Chiapas, mas tem
de renunciar por causa da violência com que os conquistadores praticavam com os
maias e contra os bispo. É na Espanha que ele vai escrever a maioria de suas
obras, sempre se questionando qual o direito que tem a Europa de conquistar os
índios.
Analisando criticamente,
Bartolomeu afirmava que a filosofia nascente, moderna está se impondo as outras
culturas, como a mais verdadeiras das filosofias e que apenas o modelo ético
europeu era o correto. Todo o que era do outro era incultura, irracional. A
Europa adora o deus verdadeiro, e o resto do mundo adora o Deus mal.
Naquela altura houve
três momentos em que as comunidades indígenas sofreram de maneira crescente o
processo de dominação colonial moderna. No primeiro, os indígenas sofreram os
horrores da conquista e as comunidades indígenas que conseguiram sobreviver foram
enquadradas no sistema da concessão [...] e da repartição por sorteio [...]
para trabalhar nas minas e Bartolomeu de Las Casas criticou frontalmente ambas
as instituições. No segundo, a partir da denominada “Junta Magna” que Felipe II
convoca para unificar a política colonial, que é encabeçada pelo Vice-Rei do
Peru, Francisco Toledo, as utopias messiânicas franciscanas e dos lutadores a
favor das comunidades indígenas recebem o choque frontal de um novo projeto
colonizador (1569). Nesta altura é decidida uma nova estratégia diretamente
anti-lascasiana. O contra-argumento dentro da racionalidade moderna foi
orquestrado durante o governo do referido Vice-Rei, eurocêntrico, decidido, que
encomendou a seu primo Garcia de Toledo o Parecer
Yucay, em que se tenta demonstrar que os incas eram ilegítimos e tirânicos,
daí que os europeus tenham tido justificação para efetuar a conquista e
repartição dos índios, para os emancipar de uma tal opressão.(SANTOS, MENESE,
p. 366).
A essas ideias começa uma
verdadeira luta para mostrar os índios como vitimas de uma modernização que
privilegiava apenas a Europa como centro do Bem. Começa-se a discursão, a
saber, se possuía o índio alma, ou se eram apenas selvagem como animais. A essa
questão foi Bartolomeu frontalmente contra os conquistadores europeus a favor
dos índios: Sim o índio é um ser humano dotado de consciência e de uma cultura
singular. A Igreja acatou a ideia de Bartolomeu, mas era inevitável que na
America dos séculos das Grandes Navegações já tínhamos uma Guerra: O Homem-Europeu,
Contra o Homem-Americano; Uma Guerra do Ser e o Nada, do Eu e do Outro.
DESCARTES
E SEU RESPEITO ÀS CULTURAS
No livro Discurso do Método, Descartes, antes de
chegar à conclusão de que é uma coisa pensante, assume que ha outras culturas, com
elas aprendeu e que agora pode refletir sobre outro jeito de pensar o que seja
o “eu” e o conhecimento.
[...] É bom saber
algo dos costumes de diversos povos a fim de que julguemos os nossos mais
samentee não pensemos que tudo quanto é contra os nossos modos é ridículo e
contrario à razão, como soem proceder os que nada viram. Mas, quando empregamos
demasiado tempo em viajar, acabamos tornando-nos estrangeiros em nossa própria
terra.[...] (DESCARTES, 1973, p.39)
Se observamos bem essas
palavras de Descartes, vemos seu juízo sobre como tratar das outras culturas.
Veja que Descartes faz um apelo: “e não pensemos que tudo quanto é contra os
nossos modos é ridículo e contra a razão.” Podemos nos indagar o que é essa
razão que fala Descartes? Razão aqui é o ser que pensa; a coisa
pensante; o
homem que existe porque pensa. Já nestas palavras, daquele que é considerado o
pai da filosofia moderno, há uma construção do seu pensamento naquilo que
acontecia na Europa daquele momento. Tendo nascido em 1596, (REALI, ANTISERI,
2004, p. 283), e intelectual como era, ele mesmo se perguntava sobre as varias
coisas que se passavam em sua época: o Descobrimento das Américas, os índios e
seus costumes humanos totalmente diferentes dos povos orientais, a ciência
nascente de Galileu Galilei e Isaac Newton. Como agora poderíamos ter uma ideia
do que seria a razão?
Da Filosofia nada
direi, senão que, vendo que foi cultivada pelos mais excelsos espíritos que
viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra ainda uma
só coisa sobre a qual não se dispute e por conseguinte que não seja duvidosa,
eu não alimentava qualquer presunção de acertar melhor do que os outros. [...] (DESCARTES,
1973, p.39)
Esses ceticismos cartesiano também nos
convida a refletir se Descartes não começa a desconfiar do conhecimento europeu
de seu tempo diante dos vários acontecimento que estavam se passando. Descartes propõe seu método não melhor que os
dos outros, e nem mesmo melhor que o seu conhecimento. Esse método era o da dúvida.
Outro fato que se deve
refletir seria: pensar o poder da Igreja Católica na época, e de como ela
tratava qualquer conhecimento europeu de seu tempo que não seguisse sua linha
de raciocínio fincada no dogma: Fé e Razão. O pensamento de Descartes caminhava
na mão contraria da igreja. Depois, mais tarde, Descartes no livro Meditações, dará mais explicações sobre
seu método, provando a existência de Deus.
AOS SENHORES DEÃO E DOUTORES DA SAGRADA FACULDADE DE
TEOLOGIA DE PARIS
[...] Senhores, [...] Sempre estimei que estas duas questões, de Deus e da
alma, eram as principais entre as que devem ser demonstradas mais pela razão da
Filosofia que da teologia. [...] (DESCARTES, 1973, p. 83).
Descartes em receio de seus
estudos desencadear problemas com a inquisição, propõe uma explicação sobre o
que de fato quer com seu método no livro Meditações,
justamente pensando na condenação de Galileu, na morte de Giordano Bruno e na
prisão de Campanella. (REALI, ANTISERI, 2004, p. 284)
Com isso tentamos mostrar
essa concordância entre Descartes e o pensamento de Las Casas. Mesmo com temas
diferentes e divergentes, vemos que o mal da perseguição entre o pensamento de
ambos eram iguais. Iguais e de fato profundos... Desde esse momento Descartes,
que expõem suas ideias e divide o pensamento entre duas coisas, Sujeito e
Objeto, passando a tratar o Universo como uma maquina, de certa forma
radicaliza seu pensamento em um profundo Ceticismo da Dúvida. Nasce por assim
dizer, juntamente com o empirismo de Bacon, a Ciência. A Res Cogitans e a Res Extensa.
É fato, que o Discurso do Método, não é o começo da modernidade,
já que o próprio Descartes nos revela isso em seu livro, e como vimos no tópico
acima. Seu livro é sobre o método que torna a ciência e o conhecimento mais
rigoroso. Coisa que Galileu não especificou em suas pesquisas (REALI, ANTISERI,
2004, p. 283) e que Descartes o faz.
Bartolomeu de Las Casas, e
não só ele como outros, que aqui na América latina conviveram com a barbárie da
morte dos índios, viram que há que se levar em
conta que existe outras culturas, existes o outro, e este outro é também
o Ser. Neste sentido o pensamento filosófico deve ser revisado de forma
antropológica na figura do outro.
REFERÊNCIADAS
DESCARTES,
René. Descartes: Discursos do Método. São
Paulo: Abril, 1973. (Coleção os grandes Pensadores);
________________.
Descrates: Meditações. São Paulo:
Abril, 1973. (Coleção os grandes Ppensadores);
REALI,
Giovanni; Antiseri, Dario. História da
Filosofia: do humanismo a Descartes.São Paulo: Paulus, 2004.
Autor: Paulo Monteiro dos Santos
Estudante Filosofia, Favi
Autor: Paulo Monteiro dos Santos
Estudante Filosofia, Favi
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