cidade natal do Beato Antônio Conselheiro, pela Ong. Iphanaq em
parceria como o SESC-Ler, Prefeitura e Câmara de Quixeramobim,
Sistema Maior de Comunicação e outros apoiadores. Evento este em
que a Cia Teatral de Canudos se programa todo ano desde cedo para
poder fazer parte da programação, enviando oficio solicitando o
transporte à Prefeitura Municipal de Canudos com intuito de diminuir
as despesas para a equipe e demais artistas que se juntam a delegação
para poderem na cidade anfitriã contarem historias por meio da arte,
pois a escrita já lhes são as dores como chagas abertas do
cotidiano de tentarem manter uma arte popular onde poucos valorizam
ou querem o seu progresso, estas marcas deixam cicatrizes vivas na
epiderme dos artistas que desejam manter a memoria do Conselheiro, a
história de Canudos e a garra de um povo persistente, embora poucos
percebam isso!
A escassez de apoio
ou recursos tem sim desestimulado o referido grupo, mas não a ponto
de fazer desistir, embora isso possa acontecer, pois todas as
alternativas parecem se esgotarem, os editais que deveriam
descentralizar e facilitar o fomento a cultura são cada vez mais
burocráticos e excludentes os eventos que convidam alegam um
orçamento pequeno, os entes federados sejam eles os anfitriões ou o
da sede do grupo segundo eles, não dispõem de recursos para o
deslocamento, acomodação, alimentação e cache ao grupo artístico,
que se sufoca cada vez mais sem o estimulo, perece com um individuo
perdendo o ar na ânsia da morte.
Esta angustia não
está tão somente no elenco da Cia Teatral de Canudos, mas de todos
os artistas que residem nesta histórica cidade que merecem do
Governo uma reparação pela história, memória e cultura que são
levadas daqui para o mundo. Que se façam editais, programas,
projetos iniciativas diferenciadas
e exclusivas para estes que levam
ou tentam levar Canudos para o resto do mundo e que os “urubus”
parem de vir a Canudos no intuito de fuçar a “carniça”, pois
ultimamente é o que está acontecendo, muitos aproveitadores, vêm
usurpam da história, do conhecimento local, da memória, da cultura,
produzem seus bens em todas as linguagens e novamente vão-se embora,
sem retorno ou valorização para este povo que contribuiu e
contribuem, muitas vezes de graça e quase sempre a um mísero
lanche. Basta!
Véspera da viagem à
Quixeramobim a Cia Teatral de Canudos saiu ao comércio local na
tentativa de angariar dos lojistas uma ajuda para a alimentação da
trupe, no trajeto entre as duas cidades, mesmo com muitas
dificuldades enfrentadas no comércio canudense, houve uma
contribuição acompanhada de comentários que muito lisonjeiam
qualquer artista pelo trabalho que tem relevância e uma ampla
divulgação ao município e a história que o mesmo imprime no
cenário do Brasil.
Dia 11 de março às
03:00 horas a Cia Teatral de Canudos junto com o Poeta José Américo
Amorim e José Raimundo (Jhon Cat) iniciam o percurso inverso feito
pelo Antônio Vicente Mendes Maciel, após enfrentarem 10 horas de
viagem o Poeta Zé Américo lança o seu mais novo trabalho “Estalo
da Caatinga”
na presença de uma mesa e de um público repleto de canudenses e
quixeramobienses na sala da casa do Conselheiro, na oportunidade de
falas antecedeu ao poeta, Jhon Cat que emocionado exibiu um vídeo
sobre a comunidade quilombola em Canudos, após o lançamento
secretários, vereador, intelectuais e autoridades local se
pronunciaram falando da importância do evento e do intercâmbio das
cidades onde nasceu e posteriormente morreu o seu filho mais ilustre.
Segundo D. Terezinha “o encontro QUIXERAMOBIM e CANUDOS já se
incorporou ao Conselheiro Vivo”. Para a mesma “a influência do
místico Antônio Conselheiro, têm oferecido aos sensíveis
trabalhos destes artistas uma carga de emoção que cativa e apaixona
aos espectadores” acrescenta que “foi um grande prazer conhecer
José Américo e todos de Canudos”.
Neste mesmo dia,
pela manhã aconteceu a Feira da Agricultura Familiar, onde também,
DJs de vinil comercializavam os “bolachões” eles Antônio Carlos
e João Paulo ainda trocavam LP’s. Enquanto isso nas escolas da
rede municipal e estadual os alunos produziam textos explorando a
temática: Memórias de Antônio Conselheiro, auxiliados por João
Pedro do Juazeiro, xilogravurista e poeta e Arievaldo Viana
cordelista. Havendo também a sessão solene da Câmara Municipal com
a entrega da Comenda Antônio Conselheiro e sobre este momento
discorrer-se-á mais adiante. Às 13 horas como acontecem todos os
anos e todos os dias do evento Conselheiro Vivo, há na Radio Canudos
FM, entrevistas, bate papos, esclarecimentos com os diversos
convidados e participantes do evento entre eles estiveram o José
Raimundo (Jhon Cat), o Poeta Zé Américo e o diretor da Cia Teatral
de Canudos (Carlos Carneiro) que entrevistados pelo Professor Neto
Camorim afirmou. “A Companhia Teatral de Canudos está aqui mais
uma vez, e espero que repita muitas vezes, sua presença na
programação do Conselheiro Vivo nas próximas edições, como tem
acontecido nos últimos três anos. A presença do grupo de teatro e
dos demais canudenses no evento, só contribui para a integração
que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos pelo elo
e mística de Antônio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a
nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a
se enfrentar em prol desse intercâmbio. Quero agradecer a Cia de
Teatro e seu diretor Carlos Carneiro, o Poeta Zé Américo e o amigo
Zé Raimundo pela presença no Conselheiro Vivo. Vamos se preparar
para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior
integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro”.
Nos dias 12 e 13
aconteceram diversas atividades nos mais variados locais onde a
delegação de Canudos subdividiu indo à escolas, comunidades rurais
e outros locais onde foram sempre, bem vindos, acolhidos, aplaudidos
e expostos as mais curiosas indagações acompanhados do pedagogo e
eletricista Edimilson Nascimento e do homem que não é a Bahia, nem
o Ceara, mas é o Brasil, que segundo ele, cabe dentro do
Quixeramobim – Ailton Brasil que fez com a Cia Teatral de Canudos,
com o motorista Djalma, o escritor João Bosco e sua esposa o
percurso para a localidade do Tigre, comunidade onde Antônio
Conselheiro atuou como professor, entre a partida de Quixeramobim e a
chegada a Canudos.
Cabe
um parêntese antes da conclusão deste texto uma inquietação sobre
a Comenda Antônio Conselheiro, deste ano. Quero frisar antes que não
trata de desacordo ou insatisfação com os homenageados, Professora
Fátima Alexandre, o escritor João Bosco Fernandes e o ex.
Secretario de Cultura do Estado do Ceará, senhor Paulo Mamede, pelo
contrário. Devem ser merecedores segundo os critérios de escolha
pela Câmara Municipal. Assim espero. Caso contrário, será uma
banalização com a história e a memória desse grande líder. Devem
ser pessoas que estudam e promovem a história de vida de Antônio
Conselheiro. Em relação a trajetória de pesquisa dos homenageados
não podemos falar, pois nos são desconhecidos. Mas do poeta José
Américo, temos argumentos e passaríamos um tempo exaustivo
justificando o seu merecimento em receber tal homenagem. O que não
aconteceu, embora para os baianos estivesse certo e programado este
momento solene a um dos filhos de Canudos. Foi constrangedor a
desagradável surpresa para os que estiveram com o poeta, saber que o
mesmo não foi homenageado. Tendo em vista a previsão deste
acontecimento, o mesmo enviou uma serie de informações antecipadas
o que não ocorreu com o oposto para informar-lhe que não mais seria
homenageado. Houve falha na comunicação da Câmara Municipal de
Quixeramobim sem citar o desrespeito por não dá ao mesmo uma
justificativa. Não queremos acreditar numa “gentileza” politica
até porque isso desonraria o merecimento a quem fosse receber a
Comenda.
Algumas
indagações não obtiveram respostas e nem entenderemos senão as
tivermos. Por que suspenderam a homenagem ao poeta? Por que não
avisaram justificando a suspensão? Quando soubemos, através do
Iphanaq era quase véspera da viagem. Que motivo desacorda os
critérios impossibilitando o poeta de não receber a Comenda,
percebido pela Câmara Municipal? A informação que recebemos foi
que a Câmara Municipal através de seu presidente, Everardo Júnior,
sabia da escolha do poeta Zè Américo desde a reunião de fevereiro,
no momento da reunião na Secretaria de Educação.
Para
quem conhece as obras, a performance e a dedicação do Zé Américo
percebem o cuidado, respeito, e amor para com a memória do seu
“padim” Conselheiro, como ele mesmo costuma dizer. Enfim, foi
lamentável, triste e decepcionante.
Na ultima noite, o
encerramento foi na casa onde nasceu Antônio Conselheiro com a
derradeira mesa redonda, ministrado pelo Prof. Dr. Paulo Emílio
Matos Martins, concluindo as comemorações, onde lançou a ideia de
funcionamento do Centro de Artes e Memórias do Belo Monte.
Lamentamos que o prefeito da cidade que tinha dito que estaria
presente não compareceu. No encerramento em frente a casa do
conselheiro correram apresentações teatrais realizadas por um grupo
local do bairro da Maravilha e a Cia Teatral de Canudos com o
espetáculo “Melelego” tendo no elenco: Marcos Freitas, Adrielly
Boaventura, Hudson Macedo, Edvânia Guimarães, Nigle Macedo, Viterbo
Tosta, Àdhila Boaventura, Roberta Macedo, Luana Soares e Darlene
Régis, com participações especiais de Jhon Cat, Israel Santana de
Euclides da Cunha, dos dançarinos Francisco Célio (Céu) e Antonius
Jerfeson do grupo de dança
Pieds
Battant
(pés voadores), Cia Lamparim com atores Francisco Elzo, Talys
Antônio, Hércules Gomes e Jonh Wellington – diretor da Cia
(fundada em 2012 tendo em seu repertório os espetáculos: Contos
de Farsas
e Antônio
Conselheiro, quem és tu? Além
de oferecerem diversas oficinas entre elas de reciclagem com
fabricação de bonecos, animações com palhaços e o projeto
fantolixos - fantoches feitos de lixo), participando ainda o
professor e poeta anfitrião João Paulo e o poeta canudense Zé
Américo. Apresentação da qual o diretor ousou colocando todos
estes demais atuantes.
Assim, resta o
agradecimento a todos, as prefeituras de ambas as cidades, aos
comerciantes canudenses, ao diretor da UAB – Quixeramobim, Antônio
Marcos Machado e a todos os funcionários desta instituição, aos
docentes e discentes das escolas Damião Carneiro, Liceu de
Quixeramobim, Escola Profissional José Alves da Silveira e outras. A
Ong. Iphanaq na pessoa do seu presidente Aílton Brasil, ao Sistema
Maior de Comunicação, aos funcionários da Casa Antônio
Conselheiro, aos artistas, amigos e a todos que contribuíram direta
e indiretamente para o sucesso e a participação dos canudenses no
Conselheiro Vivo 2015, por fim, o diretor da Cia Teatral de Canudos
agradece de forma particular a todas as mães e responsáveis por
confiarem ao mesmo seus filhos.
Esperamos que na
romaria de Canudos este mesmo entusiasmo aconteça fortalecendo os
vínculos de cearenses e baianos, mas para isso é preciso o
compromisso dos referidos municípios assumirem participações
diretas nos eventos e nas programações mais importantes
relacionados ao Conselheiro, neste sentido a Cia Teatral de Canudos
está preparando um documento que objetiva os entes federados
acordarem e garantirem compromissos para que os mesmos participem com
suas delegações tanto na Romaria como no Conselheiro Vivo, evitando
o desgaste dos artistas estarem na prefeitura, casa de prefeito, de
secretários e etc., passando a ser então um compromisso das duas
cidades independente de gestor A ou B.
CARLOS CARNEIRO, é graduando do curso de Letras- Uneb e diretor de Teatro
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