Anunciante

quarta-feira, 25 de março de 2015

CONSELHEIRO VIVO





"Artes para escrever histórias" foi o tema do Conselheiro Vivo 2015, evento realizado anualmente na
cidade natal do Beato Antônio Conselheiro, pela Ong. Iphanaq em parceria como o SESC-Ler, Prefeitura e Câmara de Quixeramobim, Sistema Maior de Comunicação e outros apoiadores. Evento este em que a Cia Teatral de Canudos se programa todo ano desde cedo para poder fazer parte da programação, enviando oficio solicitando o transporte à Prefeitura Municipal de Canudos com intuito de diminuir as despesas para a equipe e demais artistas que se juntam a delegação para poderem na cidade anfitriã contarem historias por meio da arte, pois a escrita já lhes são as dores como chagas abertas do cotidiano de tentarem manter uma arte popular onde poucos valorizam ou querem o seu progresso, estas marcas deixam cicatrizes vivas na epiderme dos artistas que desejam manter a memoria do Conselheiro, a história de Canudos e a garra de um povo persistente, embora poucos percebam isso!
A escassez de apoio ou recursos tem sim desestimulado o referido grupo, mas não a ponto de fazer desistir, embora isso possa acontecer, pois todas as alternativas parecem se esgotarem, os editais que deveriam descentralizar e facilitar o fomento a cultura são cada vez mais burocráticos e excludentes os eventos que convidam alegam um orçamento pequeno, os entes federados sejam eles os anfitriões ou o da sede do grupo segundo eles, não dispõem de recursos para o deslocamento, acomodação, alimentação e cache ao grupo artístico, que se sufoca cada vez mais sem o estimulo, perece com um individuo perdendo o ar na ânsia da morte.
Esta angustia não está tão somente no elenco da Cia Teatral de Canudos, mas de todos os artistas que residem nesta histórica cidade que merecem do Governo uma reparação pela história, memória e cultura que são levadas daqui para o mundo. Que se façam editais, programas, projetos iniciativas diferenciadas
e exclusivas para estes que levam ou tentam levar Canudos para o resto do mundo e que os “urubus” parem de vir a Canudos no intuito de fuçar a “carniça”, pois ultimamente é o que está acontecendo, muitos aproveitadores, vêm usurpam da história, do conhecimento local, da memória, da cultura, produzem seus bens em todas as linguagens e novamente vão-se embora, sem retorno ou valorização para este povo que contribuiu e contribuem, muitas vezes de graça e quase sempre a um mísero lanche. Basta!
Véspera da viagem à Quixeramobim a Cia Teatral de Canudos saiu ao comércio local na tentativa de angariar dos lojistas uma ajuda para a alimentação da trupe, no trajeto entre as duas cidades, mesmo com muitas dificuldades enfrentadas no comércio canudense, houve uma contribuição acompanhada de comentários que muito lisonjeiam qualquer artista pelo trabalho que tem relevância e uma ampla divulgação ao município e a história que o mesmo imprime no cenário do Brasil.
Dia 11 de março às 03:00 horas a Cia Teatral de Canudos junto com o Poeta José Américo Amorim e José Raimundo (Jhon Cat) iniciam o percurso inverso feito pelo Antônio Vicente Mendes Maciel, após enfrentarem 10 horas de viagem o Poeta Zé Américo lança o seu mais novo trabalho “Estalo da Caatinga” na presença de uma mesa e de um público repleto de canudenses e quixeramobienses na sala da casa do Conselheiro, na oportunidade de falas antecedeu ao poeta, Jhon Cat que emocionado exibiu um vídeo sobre a comunidade quilombola em Canudos, após o lançamento secretários, vereador, intelectuais e autoridades local se pronunciaram falando da importância do evento e do intercâmbio das cidades onde nasceu e posteriormente morreu o seu filho mais ilustre. Segundo D. Terezinha “o encontro QUIXERAMOBIM e CANUDOS já se incorporou ao Conselheiro Vivo”. Para a mesma “a influência do místico Antônio Conselheiro, têm oferecido aos sensíveis trabalhos destes artistas uma carga de emoção que cativa e apaixona aos espectadores” acrescenta que “foi um grande prazer conhecer José Américo e todos de Canudos”.
Neste mesmo dia, pela manhã aconteceu a Feira da Agricultura Familiar, onde também, DJs de vinil comercializavam os “bolachões” eles Antônio Carlos e João Paulo ainda trocavam LP’s. Enquanto isso nas escolas da rede municipal e estadual os alunos produziam textos explorando a temática: Memórias de Antônio Conselheiro, auxiliados por João Pedro do Juazeiro, xilogravurista e poeta e Arievaldo Viana cordelista. Havendo também a sessão solene da Câmara Municipal com a entrega da Comenda Antônio Conselheiro e sobre este momento discorrer-se-á mais adiante. Às 13 horas como acontecem todos os anos e todos os dias do evento Conselheiro Vivo, há na Radio Canudos FM, entrevistas, bate papos, esclarecimentos com os diversos convidados e participantes do evento entre eles estiveram o José Raimundo (Jhon Cat), o Poeta Zé Américo e o diretor da Cia Teatral de Canudos (Carlos Carneiro) que entrevistados pelo Professor Neto Camorim afirmou. “A Companhia Teatral de Canudos está aqui mais uma vez, e espero que repita muitas vezes, sua presença na programação do Conselheiro Vivo nas próximas edições, como tem acontecido nos últimos três anos. A presença do grupo de teatro e dos demais canudenses no evento, só contribui para a integração que precisa aumentar mais ainda entre Quixeramobim e Canudos pelo elo e mística de Antônio Conselheiro. Como diz o poeta Zé Américo, a nossa luta em aproximar essas duas cidades é sempre uma trincheira a se enfrentar em prol desse intercâmbio. Quero agradecer a Cia de Teatro e seu diretor Carlos Carneiro, o Poeta Zé Américo e o amigo Zé Raimundo pela presença no Conselheiro Vivo. Vamos se preparar para mais lutas, pois novas trincheiras virão na busca de uma maior integração entre essas duas cidades irmanadas pelo Conselheiro”.
Nos dias 12 e 13 aconteceram diversas atividades nos mais variados locais onde a delegação de Canudos subdividiu indo à escolas, comunidades rurais e outros locais onde foram sempre, bem vindos, acolhidos, aplaudidos e expostos as mais curiosas indagações acompanhados do pedagogo e eletricista Edimilson Nascimento e do homem que não é a Bahia, nem o Ceara, mas é o Brasil, que segundo ele, cabe dentro do Quixeramobim – Ailton Brasil que fez com a Cia Teatral de Canudos, com o motorista Djalma, o escritor João Bosco e sua esposa o percurso para a localidade do Tigre, comunidade onde Antônio Conselheiro atuou como professor, entre a partida de Quixeramobim e a chegada a Canudos.
Cabe um parêntese antes da conclusão deste texto uma inquietação sobre a Comenda Antônio Conselheiro, deste ano. Quero frisar antes que não trata de desacordo ou insatisfação com os homenageados, Professora Fátima Alexandre, o escritor João Bosco Fernandes e o ex. Secretario de Cultura do Estado do Ceará, senhor Paulo Mamede, pelo contrário. Devem ser merecedores segundo os critérios de escolha pela Câmara Municipal. Assim espero. Caso contrário, será uma banalização com a história e a memória desse grande líder. Devem ser pessoas que estudam e promovem a história de vida de Antônio Conselheiro. Em relação a trajetória de pesquisa dos homenageados não podemos falar, pois nos são desconhecidos. Mas do poeta José Américo, temos argumentos e passaríamos um tempo exaustivo justificando o seu merecimento em receber tal homenagem. O que não aconteceu, embora para os baianos estivesse certo e programado este momento solene a um dos filhos de Canudos. Foi constrangedor a desagradável surpresa para os que estiveram com o poeta, saber que o mesmo não foi homenageado. Tendo em vista a previsão deste acontecimento, o mesmo enviou uma serie de informações antecipadas o que não ocorreu com o oposto para informar-lhe que não mais seria homenageado. Houve falha na comunicação da Câmara Municipal de Quixeramobim sem citar o desrespeito por não dá ao mesmo uma justificativa. Não queremos acreditar numa “gentileza” politica até porque isso desonraria o merecimento a quem fosse receber a Comenda.
Algumas indagações não obtiveram respostas e nem entenderemos senão as tivermos. Por que suspenderam a homenagem ao poeta? Por que não avisaram justificando a suspensão? Quando soubemos, através do Iphanaq era quase véspera da viagem. Que motivo desacorda os critérios impossibilitando o poeta de não receber a Comenda, percebido pela Câmara Municipal? A informação que recebemos foi que a Câmara Municipal através de seu presidente, Everardo Júnior, sabia da escolha do poeta Zè Américo desde a reunião de fevereiro, no momento da reunião na Secretaria de Educação.
Para quem conhece as obras, a performance e a dedicação do Zé Américo percebem o cuidado, respeito, e amor para com a memória do seu “padim” Conselheiro, como ele mesmo costuma dizer. Enfim, foi lamentável, triste e decepcionante.
Na ultima noite, o encerramento foi na casa onde nasceu Antônio Conselheiro com a derradeira mesa redonda, ministrado pelo Prof. Dr. Paulo Emílio Matos Martins, concluindo as comemorações, onde lançou a ideia de funcionamento do Centro de Artes e Memórias do Belo Monte. Lamentamos que o prefeito da cidade que tinha dito que estaria presente não compareceu. No encerramento em frente a casa do conselheiro correram apresentações teatrais realizadas por um grupo local do bairro da Maravilha e a Cia Teatral de Canudos com o espetáculo “Melelego” tendo no elenco: Marcos Freitas, Adrielly Boaventura, Hudson Macedo, Edvânia Guimarães, Nigle Macedo, Viterbo Tosta, Àdhila Boaventura, Roberta Macedo, Luana Soares e Darlene Régis, com participações especiais de Jhon Cat, Israel Santana de Euclides da Cunha, dos dançarinos Francisco Célio (Céu) e Antonius Jerfeson do grupo de dança Pieds Battant (pés voadores), Cia Lamparim com atores Francisco Elzo, Talys Antônio, Hércules Gomes e Jonh Wellington – diretor da Cia (fundada em 2012 tendo em seu repertório os espetáculos: Contos de Farsas e Antônio Conselheiro, quem és tu? Além de oferecerem diversas oficinas entre elas de reciclagem com fabricação de bonecos, animações com palhaços e o projeto fantolixos - fantoches feitos de lixo), participando ainda o professor e poeta anfitrião João Paulo e o poeta canudense Zé Américo. Apresentação da qual o diretor ousou colocando todos estes demais atuantes.
Assim, resta o agradecimento a todos, as prefeituras de ambas as cidades, aos comerciantes canudenses, ao diretor da UAB – Quixeramobim, Antônio Marcos Machado e a todos os funcionários desta instituição, aos docentes e discentes das escolas Damião Carneiro, Liceu de Quixeramobim, Escola Profissional José Alves da Silveira e outras. A Ong. Iphanaq na pessoa do seu presidente Aílton Brasil, ao Sistema Maior de Comunicação, aos funcionários da Casa Antônio Conselheiro, aos artistas, amigos e a todos que contribuíram direta e indiretamente para o sucesso e a participação dos canudenses no Conselheiro Vivo 2015, por fim, o diretor da Cia Teatral de Canudos agradece de forma particular a todas as mães e responsáveis por confiarem ao mesmo seus filhos.
Esperamos que na romaria de Canudos este mesmo entusiasmo aconteça fortalecendo os vínculos de cearenses e baianos, mas para isso é preciso o compromisso dos referidos municípios assumirem participações diretas nos eventos e nas programações mais importantes relacionados ao Conselheiro, neste sentido a Cia Teatral de Canudos está preparando um documento que objetiva os entes federados acordarem e garantirem compromissos para que os mesmos participem com suas delegações tanto na Romaria como no Conselheiro Vivo, evitando o desgaste dos artistas estarem na prefeitura, casa de prefeito, de secretários e etc., passando a ser então um compromisso das duas cidades independente de gestor A ou B.
                             


 
 CARLOS CARNEIRO, é graduando do curso de Letras- Uneb e diretor de Teatro


Nenhum comentário:

Postar um comentário