PAULO MONTEIRO DOS
SANTOS[1]
Resposta
a questão: O que é Filosofia? A Filosofia é um ramo do conhecimento humano que
estuda, ou se preocupa, com o Ser. Sobre isso é bom levarmos em
consideração que essa disciplina não significa “Amor a Sabedoria”. Tal
afirmação é o significado etimológico da palavra Filosofia. Heidegger[2]
fez, em seu livro Conceitos Fundamentais
da Metafísica[3],
uma divisão do conhecimento humano que acreditamos ser bem sugestiva e
oportuna:
1)
Religião: a qual se preocupa com o Sagrado;
2)
Filosofia: a qual se preocupa com o Ser;
3) Ciência:
a qual se preocupa no estudo objetivo dos fenômenos;
4)
Arte: esta se preocupa no fazer e na criação artística.
Pensamos
que está é uma boa orientação para sabermos o que é a Filosofia.
Podemos
ainda, dividir a Filosofia talvez[4]
em dois blocos (não descartando outras divisões, esta é apenas uma forma
didática):
a)
Oriental: de caráter, por assim dizer, mais de uma análise mística;
b)
Ocidental: de caráter mais racional,
ou analítico.
A Filosofia
Ocidental, cuja qual nós herdamos dos gregos e que estudamos nas salas de aula,
abarca em suas análises cinco áreas que se preocupam com o estudo do Ser: 1)
Ontologia; 2) Gnosiologia; 3) Estética; 4) Lógica; 5) Ética.
a)
A Ontologia estuda o Ser enquanto Ser;
b)
A Gnosiologia se preocupa no conhecimento do Ser;
c)
A Estética estuda a aparência do Ser;
d)
A Lógica na ordenação ou estrutura do Ser;
e)
E a Ética no comportamento do Ser;
Estas
áreas também podem ser abarcadas em duas grandes áreas: I - De Condições
naturais: Ontologia e Estética; II - De Condições Humanas: Gnosiologia, Lógica
e Ética. Mas, todavia, isso não quer dizer que tais disciplinas não precisem
nem do conhecer humano ou das condições naturais, porém existe entre elas uma
mescla do Ser: enquanto Humano, enquanto Objeto (fenômeno).
A
Filosofia estuda o Ser. Mas o que é o Ser?
Se fizer uma análise ao longo da História da Filosofia, vamos concluir que o Ser sempre se diz indeterminado[5],
embora filósofos tentassem determiná-lo, cada um em sua época e dentro de seu
contexto. E por que o Ser é indeterminado? Porque a Filosofia não é Ciência, por
essa razão não pode determinar o seu objeto de estudo (se é que podemos dizer
que o Ser é um objeto como os fenômenos complexos da natureza).
Mas
a Filosofia pode transformar-se em Ciência? Acreditamos que sim. O filósofo
Austin[6] em
sua teoria dos atos de fala[7]
nos confirma tal feito quando tentou sistematizar a Linguagem em atos discursivos da fala. É possível também o
contrário: a Ciência transformar-se em Filosofia? Sim. Um exemplo claro é a
teoria das Cordas na Física, a qual
beira a explicações quase que de caráter metafísico e que por sua
caracterização Cosmológica, transcende ao conhecimento humano.
Para
ajudar, podemos ver está diferença entre Filosofia e Ciência em dois pensadores
do século XX: Noam Chomsky[8] e
Michel Foucault[9]:
O primeiro afirma que por meios de mecanismos biológicos e sociais, o ser
humano tem condições inatas para obter a estrutura da Linguagem; Foucault, diz
que de alguma forma a própria cultura é quem determina a linguagem no homem e
não o contrário. A explicação de Chomsky tem características mais científicas,
pois tenta delimitar ao máximo a Linguagem ao homem, já Foucault tenta teorizar
a Linguagem em um sentido de estrutura indeterminada.
[1] Graduado em Letras (UNEB); Graduado
em Filosofia (FAVI); E-mail: paulus.monterum@gmail.com
[2] Martin Heidegger (1889-1976)
[3] HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da metafísica:
mundo, finitude, solidão. Tradução de Marcos Antônio Casanova. Rio de
Janeiro: Forense, 2003.
[4] Esta divisão é nossa idéia.
[5] HEIDEGGER, Martin. Que é metafísica. Tradução de
Ernildo Stein. São Paulo: Livraria duas Cidades, 1969.
[6] J.
L. Austin (1911-1960)
[7] AUSTIN, John L. How
to do things with words. New York Press, 1965.
[8]
Noam Chomsky (1928).
[9] Michel Foucault (1926-1984)
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