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quarta-feira, 20 de maio de 2020

O QUE É A FILOSOFIA?

PAULO MONTEIRO DOS SANTOS[1]

 

Resposta a questão: O que é Filosofia? A Filosofia é um ramo do conhecimento humano que estuda, ou se preocupa, com o Ser. Sobre isso é bom levarmos em consideração que essa disciplina não significa “Amor a Sabedoria”. Tal afirmação é o significado etimológico da palavra Filosofia. Heidegger[2] fez, em seu livro Conceitos Fundamentais da Metafísica[3], uma divisão do conhecimento humano que acreditamos ser bem sugestiva e oportuna:

1) Religião: a qual se preocupa com o Sagrado;

2) Filosofia: a qual se preocupa com o Ser;

3) Ciência: a qual se preocupa no estudo objetivo dos fenômenos;

4) Arte: esta se preocupa no fazer e na criação artística.

Pensamos que está é uma boa orientação para sabermos o que é a Filosofia.

Podemos ainda, dividir a Filosofia talvez[4] em dois blocos (não descartando outras divisões, esta é apenas uma forma didática):

a) Oriental: de caráter, por assim dizer, mais de uma análise mística;

b) Ocidental: de caráter mais racional, ou analítico.

A Filosofia Ocidental, cuja qual nós herdamos dos gregos e que estudamos nas salas de aula, abarca em suas análises cinco áreas que se preocupam com o estudo do Ser: 1) Ontologia; 2) Gnosiologia; 3) Estética; 4) Lógica; 5) Ética.

a)    A Ontologia estuda o Ser enquanto Ser;

b)    A Gnosiologia se preocupa no conhecimento do Ser;

c)    A Estética estuda a aparência do Ser;

d)    A Lógica na ordenação ou estrutura do Ser;

e)    E a Ética no comportamento do Ser;

Estas áreas também podem ser abarcadas em duas grandes áreas: I - De Condições naturais: Ontologia e Estética; II - De Condições Humanas: Gnosiologia, Lógica e Ética. Mas, todavia, isso não quer dizer que tais disciplinas não precisem nem do conhecer humano ou das condições naturais, porém existe entre elas uma mescla do Ser: enquanto Humano, enquanto Objeto (fenômeno).

A Filosofia estuda o Ser. Mas o que é o Ser? Se fizer uma análise ao longo da História da Filosofia, vamos concluir que o Ser sempre se diz indeterminado[5], embora filósofos tentassem determiná-lo, cada um em sua época e dentro de seu contexto. E por que o Ser é indeterminado? Porque a Filosofia não é Ciência, por essa razão não pode determinar o seu objeto de estudo (se é que podemos dizer que o Ser é um objeto como os fenômenos complexos da natureza).

Mas a Filosofia pode transformar-se em Ciência? Acreditamos que sim. O filósofo Austin[6] em sua teoria dos atos de fala[7] nos confirma tal feito quando tentou sistematizar a Linguagem em atos discursivos da fala. É possível também o contrário: a Ciência transformar-se em Filosofia? Sim. Um exemplo claro é a teoria das Cordas na Física, a qual beira a explicações quase que de caráter metafísico e que por sua caracterização Cosmológica, transcende ao conhecimento humano.   

Para ajudar, podemos ver está diferença entre Filosofia e Ciência em dois pensadores do século XX: Noam Chomsky[8] e Michel Foucault[9]: O primeiro afirma que por meios de mecanismos biológicos e sociais, o ser humano tem condições inatas para obter a estrutura da Linguagem; Foucault, diz que de alguma forma a própria cultura é quem determina a linguagem no homem e não o contrário. A explicação de Chomsky tem características mais científicas, pois tenta delimitar ao máximo a Linguagem ao homem, já Foucault tenta teorizar a Linguagem em um sentido de estrutura indeterminada.


           Tentamos sistematizar o significado do estudo de Filosofia para facilitar na sua compreensão, embora como observamos, qualquer tentativa de determinar a Filosofia seria um trabalho em vão já que está não é Ciência.


[1] Graduado em Letras (UNEB); Graduado em Filosofia (FAVI); E-mail: paulus.monterum@gmail.com

[2] Martin Heidegger (1889-1976)

[3] HEIDEGGER, Martin. Os conceitos fundamentais da metafísica: mundo, finitude, solidão. Tradução de Marcos Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Forense, 2003.

[4] Esta divisão é nossa idéia.

[5] HEIDEGGER, Martin. Que é metafísica. Tradução de Ernildo Stein. São Paulo: Livraria duas Cidades, 1969.

[6] J. L. Austin (1911-1960)

[7] AUSTIN, John L. How to do things with words. New York Press, 1965. 

[8] Noam Chomsky (1928).

[9] Michel Foucault (1926-1984)


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